29 setembro 2006

O BRASIL NAS MÃOS DE DEUS!


O BRASIL NAS MÃOS DE DEUS!
“Por esta razão dobro os meus joelhos perante o Pai”
Efésios 3.14


O Centro de Divulgação das Eleições, agência do TSE (Tribunal Superior Eleitoral) responsável por incentivar os eleitores brasileiros a comparecerem aos 91.037 locais de votação, criou um slogan interessante para o pleito eleitoral deste ano: “Pense e vote! Vota Brasil! O Brasil está em suas mãos”.
Com esta chamada, o TSE pretende convencer que 125.913.479 eleitores, presentes nos 5.565 municípios e em 93 países, compareçam às urnas para eleger entre 8 candidatos à Presidência da República, 214 candidatos ao governo dos Estados, 235 candidatos ao Senado, 5.421 candidatos à Câmara Federal e 13.197 candidatos às Câmaras Legislativas/Distritais, aqueles que devem governar (e legislar) o Brasil.
Que é fundamental para a democracia que o eleitor cumpra o seu direito e dever de votar, não há como negar! Precisamos, contudo, não apenas votar, mas fazê-lo com consciência e com o zelo que a responsabilidade exige!
Ainda que o voto seja importante, é um crasso erro considerar que o direito de votar dá-nos o poder de declarar que o futuro do país está em nossas mãos! Estou certo de que não apenas o nosso país, mas o mundo e, em particular, as nossas vidas, sofrem tantas mazelas justamente porque confiamos demasiadamente em nossas mãos! Se a nossa vida não começar em Deus, estamos fadados ao fracasso! Se as decisões concernentes à nossa Nação não começarem em Deus, colheremos as tempestades dos ventos que semeamos.
Não apenas neste dia de eleição, mas diariamente somos chamados a colocarmo-nos de joelhos e clamar para que o Brasil esteja nas mãos de Deus! “Venha o Teu Reino!” (Lucas 11.2) deve ser o nosso clamor! “Oh! Se fendesses os céus e descesses!” (Isaías 64.1), deve ser nossa intercessão diária!
Colocar-se de joelhos é um sinal de submissão. Paulo expressou-se dessa maneira porque sabia que suas mãos não poderiam promover aquilo que somente Deus pode fazer. Paulo sabia que a submissão à vontade de Deus é sempre a primeira opção. Que a oração não é a porta de emergência, (aquela que só vemos quando não há outra saída), mas a porta de entrada para o verdadeiro êxito!
Colocar-se de joelho é expressão de dependência total e irrestrita. É abrir-se para ação de Deus. É submeter-se a decisão soberana de Deus, que às vezes não muda às circunstâncias, mas altera as nossas intenções. Orar, assim, é sempre mudar! E à medida que descobrimos que temos muito para tratar dentro de nós mesmos –que as mudanças começam em nós!–, seremos motivados a aproximarmo-nos de Deus em oração, pois o faremos como reconhecimento de que pela nossa própria força não seremos capazes de lidar com as marcas do pecado em nossa vida. E sem lidarmos com pecado em nossa vida, a restauração que Deus quer fazer em nós, em nossa família, em nossa igreja, em nosso País... fica comprometida.
Por esta causa me ponho de joelhos...; e convido você também a começar (ou continuar) a gozar do privilégio da prática da disciplina dos joelhos dobrados em oração!
Soli Deo Gloria

Rev. Ézio Martins de Lima

28 setembro 2006

Distraído por estar muito ocupado...

Comecei a ler Henri Nouwen por acidente... Um dos seus livros caiu em minhas mãos quase que sem querer! Contudo, não foi por acidente que aprendi a sorver dos seus ensinos princípios que muito têm me auxiliado no ministério pastoral. Deixo aqui no Blog um trecho que chamou a minha atenção...
"(...) Em uma sociedade na qual o entretenimento e a distração são preocupações tão importantes, os ministros também são tentados a se juntar aos que consideram tarefa primordial manter os outros ocupados (...)
Contudo nossa tarefa é o contrário da distração. É ajudar as pessoas a se concentrar no acontecimento real, mas muitas vezes oculto, da presença ativa de Deus em suas vidas. Por isso, a questão que precisa guiar toda atividade organizadora na paróquia não é como manter as pessoas ocupadas, mas como impedí-las de ficar tão ocupadas a ponto de não mais ouvir a voz de Deus que fala em silêncio." (Nouwen, Henri. A Espiritualidade do deserto e o ministério contemporâneo, p. 56).

Rev. Ézio Martins de Lima

22 setembro 2006

Da fraqueza tiraram força


Outro dia ouvi um “teleevangelista” ensinando sua platéia a se afastarem dos fracos. Seu argumento era lógico: “Os fracos atraem o fracasso”. Pelo menos essa é lógica do mundo. Não deveria valer para os seguidores de Cristo, porém, não é isso que ouço e vejo. O autor aos Hebreus diz que os grandes heróis da fé foram homens e mulheres que da “fraqueza tiraram força” (11:34).
Nos últimos dias me sinto confortado pelo chamamento de Gideão. Um homem em fuga. Dentro do lagar, mas malhando o trigo. O Anjo o vê e lhe diz: “O Senhor é contigo, homem valente” (Juízes 6:11-12). Gideão está amedrontado, mas Deus vê força na fraqueza. Deus sente-se atraído pelo fraco.
Lembro-me de Davi. Rapaz sem expressão até para os de casa. Talvez devesse dizer, principalmente para os de casa. Ninguém o escolheria. Senão fosse pela intervenção divina, nem mesmo o sábio Samuel, que por um instante vacilou entre a aparência e a essência. Nem Davi acredita no que Deus fez com tamanha fraqueza em forma de gente: “Quem sou eu, Senhor Deus, e qual é a minha casa, para que me tenhas trazido até aqui?” (2 Samuel 7:18). Deus sente-se atraído pelo fraco.
Que dizer de Jeremias? O profeta parece espantado diante de seu chamado. Sente-se como uma criança afugentada. Mas como Deus o vê? “Eis que te ponho por cidade fortificada, por coluna de ferro e por muro de bronze...” (Jeremias 1:18). Deus sente-se atraído pelo fraco.
O Evangelho se despe da nossa coerência. Jesus proclama no sermão do monte que é uma grande benção nada possuir. Felizes os fracos. Felizes os que choram, os pobres, os humildes, os mansos, os perseguidos... Jesus sentiu-se atraído por gente fraca. Fez passar o seu caminho entre leprosos, cegos, coxos, prostitutas, viúvas, rejeitados, desprezados. Caminhou e viveu entre os fracos.
E os apóstolos? A ilustração viva da força da fraqueza. O que dizer de “homens iletrados e incultos” (Atos 4:13)? Simplesmente que incomodaram o mundo e suas estruturas injustas (Atos 17:6). Evidentemente, que entre os apóstolos, destaca-se Paulo. Alguém que se considerava o “menor dos apóstolos” (1 Coríntios 15:9), indigno e o principal dos pecadores (1 Timóteo 1:15). Mas que viu o florescimento do evangelho na Galácia, por causa da fraqueza de uma enfermidade física (Gálatas 4:13). Talvez por esta e outras experiências entende que “quando sou fraco, então é que sou forte” (2 Coríntios 12:10).
A História da Igreja reserva alguns bons exemplos da força que há na fraqueza. O de Charles Haddon Spurgeon é fenomenal. O príncipe dos pregadores era na verdade um frágil vaso de barro. A igreja que Spurgeon pastoreava em Londres, Tabernáculo Metropolitano, reunia multidões. E sobre a grandeza de seu ministério Spurgeon dizia: “Meu sucesso me assustava; e a idéia da carreira que parecia abrir-se diante de mim, longe de me ensoberbecer, lançava-me nos mais profundo abismo. Quem eu era para continuar como líder de tão grande multidão? Eu queria retornar para minha obscuridade no interior, emigrar para a América e encontrar um ninho solitário na floresta, onde pudesse ser suficiente para as coisas exigidas de mim.” O príncipe dos pregadores tinha consciência clara de sua fraqueza e conta como se sentia oprimido por ocasiões periódicas de depressão.
Por isso decidi não me afastar dos fracos. Decidi continuar comigo. Quero estar mais próximo daqueles que conseguem chorar suas limitações. Que se sentem inaptos para os grandes propósitos divinos. Decidi que não quero mostrar-me forte. Seria mascarar a realidade. Entendi que sou mais feliz quando sou mais fraco. Estou melhor quando estou em companhia daqueles que se sentem, como eu, em fraqueza! Prefiro os heróis da fé que tiram força da fraqueza aos que se mostram robustos, apenas para fantasiar o raquitismo de sua fé. Assim, sei hoje, mais do que nunca, que “Deus escolheu as coisas fracas do mundo para envergonhar as fortes” (1 Coríntios 1:27), a fim de que a performance dos vasos de barro denuncie sua fraqueza, o tesouro resplandeça e o poder seja de Deus e não de nós.
Rev. Jean Douglas Gonçalves
Pastor da Primeira Igreja Presbiteriana Independente do Distrito Federal

21 setembro 2006

Divagações ao vento....



"Viver a vida de forma plena, sentindo cada instante, como ser fosse único, pois o é... amar sempre, para não ter do que se arrepender depois... sorrir, para não ter o que enrrugar... caminhar hoje, para não ter que se correr amanhã... tocar o transcedente para ser por Ele envolto... ser humano, para não destruir o que do Alto nos foi dado..."

Rev. Cleber B. Gouveia

19 setembro 2006

Quero fazer um publica confissão de fé...

MISERÁVEL homem que eu sou! quem me livrará do corpo desta morte?
Romanos 7. 24

Hoje quero confessar minha situação de pecador. Sei não haver nenhuma novidade no que irei dizer, mas nunca disse isto abertamente, a todos. Mas quero dizer sem medo, pois quero estar no verdadeiro amor que vem de Deus (I Jo 4.18). Não quero mais ficar tentando esconder esta montanha de práticas pecaminosas que sou, diante da qual nem mesmo o mais alto monte deste mundo seria capaz de competir. Confesso: há uma montanha de pecados por mim praticados todos os dias.
Por isto, não quero mais esconder minha miséria. Antes o fazia por medo, afinal, nós, pastores, somos "super-homens", temos que ser modelos de perfeição, de dedicação, de homens ( e as pastores devem agora ser o exemplo de mulher), cujo padrão de vida deve ser impecável. Sinta bem esta palavra: impecável. Não pecar, não ter erros. Que palavra mais sem graça, no sentido de não haver espaço para a graça de Deus, como se houvesse a possibilidade do ser humano não percar. Sim, pois quem de nós aqui não for um pecador, e não necessitar da gloria e da graça de Deus, que atire a primeira pedra (Rm 3.23).
Por isto, não quero mais ser este "super-homem", pois, afinal, no fim até mesmo o "super-homem" fez escolhas ruins. Desejo declarar a todos, a todo o sistema, os quais obrigam-me a vive sob máscaras, que sou um miserável cujo fazer se esmera na prática do pecado. Quero afirmar que não sou ator, e hoje tenho a plena convicção de que, por mais que tente, não sou ator. Minhas máscaras pretendo lançar fora do meu alcançe, no fogo do Espírito, na esperança de que sejam destruidas, e o recomeço da caminhada rumo ao alvo seja possível (Fp 3.14). Pretendo deixá-la para trás, e correr como nunca até que esteja bem longe, e sem forças para tentar voltar e recuperá-las.
Por isto, quero olhar para Ele com os meus olhos descobertos. Quero lançar para o alto o meu olhar de pecador desesperado por ajuda, pois não conseguo fazer outra coisa a não ser pecar, pecar e pecar.
Hoje sei o que Paulo sentia em seu coração, ou pelo menos algo semelhante, quando permitiu que este grito desesperado de sua alma fosse ecoado por toda as gerações. Miserável homem que sou!!! Sei o que deve ser feito, prego sobre o que deve ser feito, e eu mesmo não consigo fazer. Não é fácil conviver comigo mesmo. Não estou dizendo que não creio no que prego. Apenas confessando minha incapacidade de viver de conformidade com tudo que creio, ou seja, com os ensinamentos e exigencias do meu Senhor. De viver plenamente uma vida em abundancia de alegria, paz, amor, benigdade, compaixão, fé, mansidão, e domínio próprio. Não tenho conseguido ter um meditar de coração e um falar do meus labios muitas vezes agradáveis ao Senhor. Confesso: tenho orado, mas muitas vezes falhado no meu propósito.
Por isto quero lançar fora todo medo. O medo de dizer que sou pecador, miserável, cujo bem não consigo fazer, mas o mal o faço a todo instante. Quero lancar fora o medo de ser rejeitado pela comunidade não qual convivo e desenvolvo o Dom, de Jesus Cristo recebido, pois não posso mais carregar este peso sozinho. Preciso ser aceito por ela como sou, ou pelo menos como estou, de forma que me sinta livre para expor os horrores de minha alma, as feridas infeccionadas por falta de cuidado, escondidas por causa do medo da rejeição. Quero lançar fora o medo da culpa, o Medo der ser apedrejado. O medo de não ser mais estimado entre os meus. Quero viver o verdadeiro amor, pois, como miserável homem que sou, vejo ser minha única esperança o amor gracioso do Pai em Jesus Cristo. Quero lançar fora o medo de tudo e de todos. Não quero mais viver com medo. E, se falhar nisto também, apenas saibam o quão miserável sou. Diante disto, qual seria minha esperança? A mesma que guardou o coração de Paulo: saber, por boca de meu Senhor e Salvador, que Sua Graça me basta! (II Cor 12.9).

No amor de Deus nosso Pai, em Seus Filho Jesus Cristo,
Cleber B. Gouveia, servo do Senhor Jesus Cristo.

12 setembro 2006

Partida

Saia da sua terra, do meio dos seus parentes e da casa do seu pai e vá a uma terra que eu lhe mostrarei.
Gênesis 12. 1

Por uma série de fatores, a maior parte de nós concorda com a fala da Dorothy do Mágico de Oz de que não existe lugar como o nosso lar. O nosso lar é um ninho de abrigo e proteção com o qual nos acostumamos ao longo de toda uma vida. Ali, temos o calor do amor, a proteção contra os perigos. Desde a mais tenra infância, sob as asas dos pais e dos parentes que nos amam, somos protegidos quando nos arriscamos em desafios. Mesmo quando os enfrentamos, sabemos que voltaremos ao lar no fim do dia.
Por fatores assim, é muito difícil para a maioria de nós abrir mão do cuidado e da proteção do lar. Deve ter passado isso na cabeça de Abrão, quando Deus lhe fez esse desafio. Era hora de largar tudo e enfrentar nova vida e novos desafios. O desconhecido estava à sua frente. Deus o chamava para abrir mão da segurança de toda uma vida e aceitar o imponderável à sua frente.
Por isso Abrão é o pai da fé. A atitude de largar tudo, deixar uma vida para trás e aceitar o desafio divino é a manifestação mais perfeita da fé naquele que falava. Somente a crença em algo muito poderoso pode nos impulsionar a largar tudo em busca de uma visão que, afinal de contas, nem está tão definida assim. O desafio de Abrão era complexo: deixar a vida segura que levava, abandonar aqueles a quem amava, o lugar de sua infância que afetivamente ainda o impressionava e ir para um lugar desconhecido – cujo caminho até lá era uma incógnita. Somente um jogo de fé profunda em Deus poderia suportar essa sua decisão. Somente lançando-se em um relacionamento profundo e real com o Criador Abrão poderia decidir-se e se realizar em sua decisão.
Às vezes nós estamos na mesma encruzilhada que Abrão – que afinal mudou de nome para Abraão. Somos desafiados a mudar de vida, a deixar para trás uma velha vida. Os nossos adolescentes, em torno dos 18 anos, passam por isso quando se vêem obrigados a deixar a velha escola e ingressar numa faculdade que, imaginam, decidirá o futuro de sua vida. Ao saírem, experiências semelhantes. Coisas assim acontecem em diversos momentos da vida da gente.
Tive um professor quando estudava missões que costumava dizer que precisamos ser desinstalados. Esse, para mim, é o segredo da realização da vida de fé com Deus. Isso significa fazer do coração o lar, local de encontro com o Deus vivo e pessoal por meio de Jesus Cristo. Assim, isso é estar disposto a deixar tudo e seguir a vocação de Deus, como Abrão.
Saia da sua terra, do meio dos seus parentes e da casa do seu pai e vá a uma terra que eu lhe mostrarei. Esta semana estive visitando minha terra, minha família. A partida é dolorosa. Somente a fé e o relacionamento com o Pai podem nos suportar nisso. Literalmente, Deus me fez o desafio de Abrão: deixar a terra, os parentes, a casa da família e ir para uma terra que eu não conhecia. Essa primeira etapa já tem dois meses, mas esse fim de semana percebi fortemente a grandeza da decisão de não mais voltar ao antigo lar.
Algumas coisas devem estar firmes no coração para nos motivar em horas assim. Primeiro, a certeza de que é o Senhor quem faz essas coisas. Se sou servo dEle, devo obedecer a Sua vontade – mesmo que isso signifique abandonar tudo o que mais amo na vida. Isso é fé.
Depois, movido por essa fé, devo estar certo de que vou para uma terra que Ele me mostrará. Ou seja, estou indo para o lugar e a situação que Ele planejou para mim. Ir, nesse caso, é permanecer no melhor lugar do mundo: o centro da vontade de Deus. Mesmo que o futuro seja invisível a olhos humanos e humanamente incerto, Deus estando à frente de tudo e guiando nossos passos nessa caminhada – pela fé – é motivo de segurança e realização.
O texto da vocação de Abrão continua dizendo algumas coisas, das quais quero destacar duas idéias: Os seus descendentes vão formar uma grande nação. Eu o abençoarei, o seu nome será famoso, e você será uma bênção para os outros (Gn. 12. 2). Ficar quieto no nosso cantinho, o lar que amamos e ao qual estamos acostumados, implica não receber as bênçãos que Deus tem reservado para nós, caso saíamos com fé de onde estamos. Ficar no nosso canto, acomodados, é abrir mão da novidade de vida que Jesus tem para nós.
Ficar é perder a bênção de receber da graça de Jesus o que Ele tem reservado. Mas ficar é, especialmente, perder a bênção de ser bênção para pessoas que ainda nem conhecemos. Não atender à vocação do Senhor de deixar tudo significa não permitir que muitos recebam bênçãos do Senhor que viriam por nosso intermédio.
Estou desinstalado e em trânsito. Por enquanto no Rio, em novembro em Salvador. Estou me sentindo realizado por saber que o caminho está sendo mostrado pelo Senhor. Estou feliz por estar atendendo à vocação dEle, por saber que Ele tem uma vida nova para mim – para a Sua glória – onde eu vá ou esteja. E estou plenamente satisfeito com isso porque sei que Deus me tirou do meu ninho não só para me abençoar ricamente, como tem feito, mas para me fazer ser bênção na vida de pessoas que nem imagino que existam, de maneiras que nunca passaram pela minha cabeça.
Na hora de decidir por deixar o ninho, atendendo uma vocação divina, lembre que Ele guiará você para o melhor lugar: o centro da Sua vontade. E você será plenamente realizado com as Suas bênçãos e por ser bênção também para pessoas que você ainda vai encontrar, sob as asas do Pai.

03 setembro 2006

Sobre Anjos, sóis e fé

Tudo o que é meu é teu, e tudo o que é teu é meu; e a minha natureza divina se revela por meio daqueles que me deste. (...) Que eles sejam teus por meio da verdade; a tua mensagem é a verdade. Assim como tu me enviaste ao mundo, eu também os enviei. (...) E peço que todos sejam um. E assim como tu, meu Pai, estás unido comigo, e eu estou unido contigo, que todos os que crerem também estejam unidos a nós para que o mundo creia que tu me enviaste.
João 17. 10, 17, 21

Esta tarde eu assisti um filme que me incomodou profundamente. Anjos do sol me fez sair do cinema e correr para o banheiro, segurando as lágrimas, engolindo em seco. Um verdadeiro e direto soco no estomago. Crueza e dureza realística de um cotidiano do país.
Já aqui, no quarto do hotel, comecei a refleti sobre a dura realidade representada naquela hora e vinte de filme (acho que se o filme fosse maior, eu morreria de impotência). E comecei a me questionar sobre onde estamos, nós, que nos afirmamos cristãos? Onde estamos, aqueles que se dizem discípulos de Jesus? Como podemos querer ser aqueles que refletem a natureza divina se não temos feito diferença para transformar essas histórias contadas no filme – tão duras e tão reais.
O nome de Jesus aparece em alguns momentos. Quando o personagem de Chico Diaz está transportando mais uma leva de garotas compradas para exploração sexual, o caminhão que faz o transporte leva à frente o nome de Jesus pregado no pára-brisa. Acho que não é um papel muito diferente que temos feito nesse país. No máximo somos pára-brisas.
Nessa manhã via um dos muitos programas evangélicos que a tevê exibe aos sábados de manhã. Nele se relatava a “grande vitória” que foi para a igreja a revogação das mudanças que o código civil impunham aos estatutos eclesiásticos, no fim de 2004. Isso é um absurdo. As vitórias que as igrejas comemoram são aquelas que dizem respeito aos seus próprios umbigos. Convencer uma bancada evangélica que, a partir do seu presidente, agora é conhecida como sanguessuga, a lutar por uma mudança legal para preservar a igreja é o máximo que as igrejas estão fazendo de luta. Enquanto isso, crianças são vendidas pelos próprios pais para exploração sexual.
Algumas igrejas se contentam em alimentar e vestir os mendigos e moradores das ruas. Eu não quero me contentar com isso. O Rio de Janeiro não é só violência, nem é só beleza natural. É mendicância também. Hoje faz dois meses que estou hospedado em um hotel aqui no Centro da cidade. Meus vizinhos de calçada são dezenas de moradores de rua. Um senhor dorme, cercado por suas caixas e coberto de seus panos, a poucos metros da porta do hotel. Outra senhora dorme na esquina da Rio Branco. Até planta em jarro ela tem em seu canto. E quando eu penso no que a nossa sociedade é capaz de fazer aos seus velhos e no tamanho da desigualdade que impera nessas ruas, vejo que o evangelho não tem que ser pregado nessas ruas: ele tem que ser vivido em ações concretas de transformação social. Eu hoje tenho mais orgulho de ser parte da Petrobras do que de ser parte da Igreja Cristã no que diz respeito transformação e mudança da realidade dos que sofrem neste mundo, neste país.
Até em coisas aparentemente mais fáceis, estamos sofrendo para que alguém acredite que somos de Cristo. Uma dessas coisas é a comunhão interna das comunidades. Quem não conhece uma história como essa, que voltou a se repetir com uma pessoa de minha família: o irmão está gravemente enfermo, tendo que se submeter a uma cirurgia extremamente delicada e de risco de morte. Fica, depois, uma semana no hospital. Depois, mais três semanas com uma sonda. Por fim, quando a sonda é retirada, mais uma semana no hospital. Visitado por alguns líderes, sua falta não é sequer sentida pelo resto da comunidade. Que nem sequer é informada da doença do irmão.
E peço que todos sejam um. E assim como tu, meu Pai, estás unido comigo, e eu estou unido contigo, que todos os que crerem também estejam unidos a nós para que o mundo creia que tu me enviaste. Como o mundo crerá, se não conseguir nos comportar como verdadeiros discípulos? Às vezes penso que as comunidades, inclusive a que estou, não tem a menor vontade de que o mundo creia. Não se move nessa direção e vive de maneira que impede que isso aconteça.
Onde vamos parar? Como e quando seremos discípulos verdadeiros do Mestre Jesus? Do Cordeiro, Filho de Deus, Raiz de Davi? Ou será que vamos esperar que Deus nos tire da Videira e enxerte alguém que possa dar fruto?

01 setembro 2006

Quando o fracasso se torna motivo de louvor



Ainda que a figueira não floresça, nem haja fruto nas vides; ainda que falhe o produto da oliveira, e os campos não produzam mantimento; ainda que o rebanho seja exterminado da malhada e nos currais não haja gado. Todavia eu me alegrarei no Senhor, exultarei no Deus da minha salvação. O Senhor Deus é minha força, ele fará os meus pés como os da corça, e me fará andar sobre os meus lugares altos. Habacuque 3. 17-19.

Hoje, dia primeiro de setembro, foi o último dia de inscrição para o ACAMPADENTRO. Lembro-me aqui do dia em que escrevi um texto falando de todo o trabalho realizado na confecção da arte para o cartaz, e de como corri para fazê-lo em tempo hábil. Lembro-me do quanto fiquei feliz com a aceitação dos textos escritos e enviados a cada aluno, como também aos pais. Lembro-me de ter dito que minha alegria era ainda maior pelo fato de contemplar, pela fé, o trabalhar de Deus na vida de cada aluno da escola durante o evento; por crer na ação poderosa de Deus nos dois dias e meio destinados para o ACAMPADENTRO. Bem, hoje é dia primeiro de setembro, faltariam 6 dias para a realização do mesmo, e infelizmente não o será.

Não o será por vários fatores. Um deles, e principal, por falta de inscrições. O segundo, talvez devido à falta de conhecimento do que um feriado prolongado pode fazer numa programação escolar. Penso ter-me esquecido do fator “queremos viajar”, e de que competir com isto era quase que um suicídio de planejamento.

Confesso estar meio abatido. Afinal, foram dias e noites de pensar laborioso sobre as atividades, de oração pelos despertar dos alunos, como também pelos “voluntariados” que formariam a equipe de trabalho. Afinal, os preletores se deram na difícil tarefa da preparação das mensagens, e são homens capacitados pelo Espírito. Avisá-los de que não falariam mais era algo dolorido, não desejado. Afinal, não há nada pior que sentir o fracasso. Sim, podemos chamar assim, afinal, nosso objetivo não fora alcançado. Os alunos não se sentiram motivados, as expectativas foram frustradas; o trabalhar parece ter sido em vão.

Contudo, volto-me para o texto de Habacuque 3. Lá também percebo ter havido frustrações. O profeta fala de um cenário desencantador. Não há animais no campo. A vide não produz mais frutos, a figueira não mais floresce. Não há vida natural em sua plenitude. A esperança foge das vistas, pois tudo é desolação. Entretanto, a atitude do profeta nos confronta, e de forma inesperada e poderosa, nos anima e ministra as consolações do Senhor. Leva-nos a entender que os que confiam no Senhor, não se abalam, mas permanecem para sempre, independente das circunstâncias (Salmo 125.1).

E é diante da realidade vivida pelo profeta, e suas palavras, que passo a entender uma grande verdade: há uma grande diferença entre o que crê e o descrente: o descrente vê em suas frustrações e fracasso o fim de todas as possibilidades. O crente vê em seus fracassos e frustrações o início de todas elas. O descrente vê apenas a realidade presente de caos, e se desespera. O crente vê além desta, pois sua esperança não está no que ele pode realizar ou deixar de realizar, e se anima com a possibilidade de um futuro melhor. Ele crê que a realidade histórica da humanidade está firmada no que já fora planejado e executado pelo seu Senhor na Cruz do calvário, e no tumulo vazio. Ele olha para além das circunstancias e percebe que até mesmo ossos secos podem ser cheios vida novamente (Ezequiel 37.1-14). O descrente não consegue continuar, não têm de onde tirar forças. O crente olha continuamente para frente e para o alto, na certeza de que os insucessos do presente não se equiparam ao futuro de vitórias e glórias que o esperam em seu Senhor (Fp 3.14 e 1ª. Pd 1. 3-9; 1ª. Jo 3. 1-3)
Assim sendo, eu continuo sendo fortalecido, como Habacuque, pela alegria que, da parte de Deus, vem até ao meu coração. Continuo louvando seu Santo nome, em Seu Filho Jesus Cristo, pelo Seu Espírito que a mim anima e fortalece através do Seu agir consolador. Continuo vendo as glórias infinitas as quais verei serem manifestas em nosso meio, continuamente, e canto: “ainda que a figueira não Florença, ainda que a vide não dê seu fruto, ainda que não haja animais no campo, ainda que meus projetos sejam frutados, alegrar-me-ei no Senhor, pois Sua alegria é a minha força”.

No amor de Deus em Cristo Jesus, Cleber B. Gouveia.
Pastor auxiliar da Primeira IPI do Distrito Federal,
e Capelão do Cedecap, onde seria realizado o ACAMPADENTRO
nos dias 7,8 e 9 deste mês de setembro.