26 fevereiro 2009

Não Quero Ser Apóstolo


Os pastores possuem um fino senso de humor. Muitas vezes, reúnem-se e contam casos folclóricos, descrevem tipos pitorescos e narram suas próprias gafes. Riem de si mesmos e procuram extravasar na gargalhada as tensões que pesam sobre os seus ombros. Ultimamente, fazem-se piadas dos títulos que os líderes estão conferindo a si próprios. É que está havendo uma certa, digamos, volúpia em pastores se promoverem a bispos e apóstolos. Numa reunião, diz a anedota, um perguntou ao outro: “Você já é apóstolo?” O outro teria respondido: “Não, e nem quero. Meu desejo agora é ser semideus. Apóstolo está virando arroz de festa, e meu ministério é tão especial que somente o título de semideus cabe a mim”. Um outro chiste que corre entre os pastores é que se no livro do Apocalipse o anjo da igreja é um pastor, logo, aquele que desenvolve um ministério apostólico seria um “arcanjo”.

Já decidi! Não quero ser apóstolo! O pouco que conheço sobre mim mesmo faz-me admitir, sem falsa humildade, que eu não teria condições espirituais de ser um deles. Além disso, não quero que minha ambição por sucesso ou prestígio, que é pecado, se transforme em choça.

O apostolado consta entre os cinco ministérios locais descritos pelo apóstolo Paulo em Efésios 4.11. Não há como negar que osapóstolos foram estabelecidos por Deus em primeiro lugar, antes dos profetas, mestres, operadores de milagres e curas, aqueles que prestam socorro, aqueles que governam e aqueles que falam variedades de línguas. Mas resigno-me contente à minha simples posição de pastor. Já que nem todos são apóstolos, nem todos são profetas, nem todos são mestres ou operadores de milagres, como consta em 1 Coríntios 12.29, parece não haver demérito em ser um mero obreiro.

Meus parcos conhecimentos do grego não me permitem grandes aventuras léxicas. Mas qualquer dicionário teológico serve para ajudar a entender o sentido neotestamentário do verbete “apóstolo”, ou “apostolado”. Vejamos o que registra a Enciclopédia Histórico-Teológica da Igreja Cristã:

O uso bíblico do termo “apóstolo” é quase inteiramente limitado ao NT, onde ocorre setenta e nove vezes; dez vezes nos evangelhos, vinte e oito em Atos, trinta e oito nas epístolas e três no Apocalipse. Nossa palavra em português é uma transliteração da palavra grega apostolos, que é derivada de apostellein, enviar. Embora várias palavras com o significado de enviar sejam usadas no NT, expressando idéias como despachar, soltar, ou mandar embora, apostellein enfatiza os elementos da comissão — a autoridade de quem envia e a responsabilidade diante deste. Portanto, a rigor, um apóstolo é alguém enviado numa missão específica, na qual age com plena autoridade em favor de quem o enviou, e que presta contas a este.

Jesus foi chamado de apóstolo em Hebreus 3.1. Ele falava os oráculos de Deus. Os doze discípulos mais próximos de Jesus também receberam esse título. Parece que o número de apóstolos era fixo, porque há um paralelismo com as doze tribos de Israel. Jesus se refere a apenas doze tronos na era vindoura (Mt 19.28; cf. Ap 21.14). Depois da queda de Judas, e para que se cumprisse uma profecia, ao que parece, a igreja sentiu-se obrigada, no primeiro capítulo de Atos, a preencher esse número. Mas, na história da igreja, não se tem conhecimento de esforços para selecionar novos apóstolos para suceder àqueles que morreram (At12.2). Com o passar do tempo, as exigências para que alguém se qualificasse ao apostolado já não poderiam se cumprir: É necessário, pois, que, dos homens que nos acompanharam todo o tempo que o Senhor Jesus andou entre nós, começando no batismo de João, até ao dia em que dentre nós foi levado às alturas, um destes se torne testemunha conosco da sua ressurreição (At 2.21, 22).

Portanto, alguns dos melhores exegetas do Novo Testamento concordam que as listas ministeriais de 1 Coríntios 12 e Efésios 4 referem-se exclusivamente aos primeiros, e não a novos apóstolos.

Há, entretanto, a peculiaridade do apostolado de Paulo. Uma exceção que confirma a regra. Na defesa de seu apostolado em 1 Coríntios 15.9, ele afirma que foi testemunha da ressurreição (viu o Senhor na estrada de Damasco), mas reconhece que era um abortivo (nascido fora de tempo): “Porque sou o menor dos apóstolos, que mesmo não sou digno de ser chamado apóstolo, pois persegui a igreja de Deus” (1 Co 15.10). O testemunho de mais de dois mil anos de história é que os apóstolos foram somente aqueles doze homens que andaram com Jesus e foram comissionados por Ele para serem as colunas da igreja, comunidade espiritual de Deus.

O que preocupa em relação aos apóstolos pós-modernos é ainda mais grave. Está ligado à nossa natureza, que cobiça o poder, que se encanta com títulos e que faz do sucesso uma filosofia ministerial. Tem acontecido uma corrida frenética nas igrejas para ver quem é o maior, quem está na vanguarda da revelação do Espírito Santo e quem ostenta a unção mais eficaz. Tanto que os que se afoitam ao título de apóstolo são os líderes de ministérios de grande visibilidade e que conseguem mobilizar grandes multidões. Possuem um perfil carismático, sabem lidar com massas e, infelizmente, são ricos.

Não quero ser um apóstolo porque não desejo a vanguarda da revelação. Desejo ser fiel ao leito principal do cristianismo histórico. Não quero uma nova revelação que tenha sido despercebida por Paulo, Pedro, Tiago ou Judas. Não quero ser apóstolo porque não quero me distanciar dos pastores simples, dos missionários sem glamour, das mulheres que oram nos círculos de oração e dos santos homens que me precederam e que não conheceram as tentações dos megaeventos, do culto espetáculo e da vanglória da fama. Não quero ser apóstolo porque não acho que precisemos de títulos para fazer a obra de Deus, especialmente quando eles nos conferem status. Aliás, estou disposto até mesmo a abrir mão de ser chamado pastor, se isso representar uma graduação, e não uma vocação ao serviço.

Não desdenho as pessoas. Apenas sinto um profundo pesar em perceber que a ambiência evangélica conspira para que homens de Deus sintam-se tão atraídos à ostentação de títulos, cargos e posições. Embriagados com a exuberância de suas próprias palavras, crentes que são especiais aceitam os aplausos que vêm dos homens e esquecem que não foi esse o espírito que norteou o ministério de Jesus de Nazaré.

Jesus nos ensinou a não cobiçar títulos e a não aceitar as lisonjas humanas. Quando um jovem rico o saudou com um “Bom Mestre”, rejeitou a interpelação: “Por que me chamas bom? Ninguém é bom senão um, que é Deus” (Mc 10.17, 18). A mãe de Tiago e João pediu um lugar especial para os seus filhos. Jesus aproveitou o mal-estar causado para ensinar:

Sabeis que os governadores dos povos os dominam e que os maiorais exercem autoridade sobre eles. Não é assim entre vós; pelo contrário, quem quiser tornar-se grande entre vós, será esse o que vos sirva; e quem quiser ser o primeiro entre vós será vosso servo; tal como o Filho do Homem, que não veio para ser servido, mas para servir e dar a sua vida em resgate de muitos. (Mt 20.25-28.)

Os pastores estão se esquecendo do principal. Não fomos chamados para ter ministérios bem-sucedidos, mas para continuar o ministério de Jesus, que foi amigo dos pecadores e compassivo com os pobres, e identificou-se com as dores das viúvas e dos órfãos. Ser pastor não é acumular conquistas acadêmicas, não é conhecer políticos poderosos, não é ser um gerente de grandes empresas religiosas, não é pertencer aos altos escalões das hierarquias religiosas. Pastorear é conhecer e vivenciar a intimidade de Deus com integridade. Pastorear é caminhar ao lado da família que acaba de enterrar um filho prematuramente e que precisa experimentar o consolo do Espírito Santo. Pastorear é ser fiel a todo o conselho de Deus; é ensinar ao povo a meditar na Palavra de Deus. Ser pastor é amar os perdidos com o mesmo amor com que Deus os ama.

Pastores, não queiram ser apóstolos, mas busquem o secreto da oração. Não ambicionem ter megaigrejas, mas busquem ser achados despenseiros fiéis dos mistérios de Deus. Não se encantem com o brilho deste mundo, mas busquem ser apenas serviçais. Não alicercem seus ministérios sobre o ineditismo, mas busquem manejar bem a Palavra da verdade, aquela mesma que Timóteo ouviu de Paulo e que deveria transmitir a homens fiéis e idôneos, que por sua vez instruiriam a outros. Pastores, não permitam que os seus cultos se transformem em shows. Não alimentem a natureza terrena e pecaminosa das pessoas; preguem a mensagem do Calvário.

Santo Agostinho afirmou: “O orgulho transformou anjos em demônios”. Se quisermos nos parecer com Jesus, sigamos o conselho de Paulo aos filipenses: “Tende o mesmo sentimento que houve também em Cristo Jesus, pois Ele subsistindo em forma de Deus, não julgou como usurpação o ser igual a Deus; antes, a si mesmo se esvaziou, assumindo a forma de servo, tornando-se em semelhança de homens; e, reconhecido em figura humana, a si mesmo se humilhou, tornando-se obediente até à morte e morte de cruz” (Fp 2.5-8).

Ricardo Gondim, Pastor da Assembleia de Deus Betesda, em São Paulo (www.ricardogondim.com.br)

12 fevereiro 2009

A preciosidade da vida!

Graça e Paz a todos em o nome de Jesus Cristo!

Hoje quero utilizar o espaço para apresentar um grande amigo: Rev. Marcelo Centeno - um dos primeiros colaboradores do site que se "desviaram". Atualmetne pastor da Igreja Presbiteriana Independente em Belo Horizonte, Marcelo nos apresenta um texto referente a uma das parábolas de Jesus, a de Mt 13:45-46, o qual, creio, há de ser bem proveitoso para nossa caminhada na busca pelo Reino de Deus e Sua justiça. No mais, nosso muito obrigado ao Rev. Marcelo Centeno por nos abençoar neste dia.



O reino dos céus é semelhante ao homem, negociante, que busca boas pérolas e, encontrando uma de grande valor, foi, vendeu tudo quanto tinha, e comprou-a. (Mt 13:45-46)


Qual é a coisa mais valiosa para você? Neste texto vemos Jesus dizendo que o Reino de Deus tem um valor superior a todos os outros. As pérolas eram muito apreciadas no mundo greco-romano, e Ele usa a imagem de uma pérola preciosa para ilustrar o valor do Reino.

Esta ilustração tem como personagem um negociante cujo negócio é procurar pérolas e, para ele, uma preciosa que encontrou valia mais do que tudo o que possuía. Ele então vendeu tudo o que tinha para comprá-la, ou seja, nada do que ele possuía era mais valioso do que essa jóia.

O Reino de Deus, ou dos Céus, é o domínio de Deus sobre a vida. Esse Reino ainda não se instalou totalmente, mas já está entre nós e ao nosso alcance. Somos convidados pela Palavra a nos achegarmos ao Reino de Deus.

Jesus mandou que a gente o buscasse. Buscar o Reino de Deus é aceitar Jesus, não de boca, mas atentar para os seus mandamentos, exemplos, palavras. Não é apenas um nome numa camiseta ou boné, mas viver em todos os momentos como um verdadeiro discípulo de Jesus.
Que nós abramos os nossos olhos. Nós somos como aquele comerciante em busca da pedra preciosa. Façamos dela a coisa de maior valor em nossas vidas.


Revº Marcelo Centeno

09 fevereiro 2009

Aprendendo a orar em Silêncio!


"Ah, se eu soubesse onde encontrá-lo, e pudesse chegarão seu tribunal! Exporia ante ele a minha causa e encheria a minha boca de argumentos. "

- Jo 23:3,4

“...Na verdade, falei do que não entendia coisas maravilhosas demais para mim, coisas que eu não conhecia. 4Escuta-me, pois, havias dito, e eu falarei; eu te perguntarei, e tu me ensinarás. 5Eu te conhecia só de ouvir, mas agora os meus olhos te vêem. 6Por isso, me abomino e me arrependo no pó e na cinza.”

Jo 42.1-6

Orar é como procurar por um Oasis em meio ao deserto. Onde está? Ah, se eu soubesse, mataria minha sede! Em nosso caso, caminhamos em meio ao deserto pela oração em busca da fonte de água viva, para que possamos saciar nossa sede. Orar é ainda um olhar para o alto na esperança de que o maná nos seja dado, para que este pão da vida sacie nossa fome de amor, justiça, paz, alegria, e abundância de vida (Jo 10.10).

Somo como Jô. Em nosso sofrimento, assim como ele, desejamos muito saber onde Deus está para tão somente apresentar diante dEle nossa causa, e os argumentos de que não podemos sofrer tanto. Desejamos apresentar diante dele nossas razões, e ouvir de Deus seus esclarecimentos. Mas, se somos em essência como Jô, é certo que ficaremos estáticos, mudos, quando Deus se apresentar e falar. Jô se calou por ser esta a reação natural de quem encontra a Deus. É impossível não maravilhar-se, não se estremecer diante dEle. Jô, porém, calou-se para depois, ao falar, não procurar sentido nas palavras “fora de contexto” de Deus, mas apenas confessar: “bem sei que tudo podes, e nenhum dos seus planos pode ser frustrado” Jó. 42.2.

Não que inexista a necessidade de falar com Ele no encontro da oração, ou isto o seja proibido, pois assim não seria esta um falar diário com Deus. Mas não podemos ser afoitos, tagarelas, pois Jesus já nos ensinou que nosso muito falar não resolve a questão. Segundo Jesus é preciso saber que Deus sabe das nossas necessidades, e de que Ele não nos deixará sem auxílio (Mt 6). É preciso, portanto, aprender a se aquietar e saber que o Senhor é Deus, e isto significará muitas vezes orar através do silêncio. Jô orou diante de Deus em Silêncio, e Ele o ouviu (Jó 42. 10-17)!

Desta forma, precisamos aprender também a silenciar as vozes de nosso coração ao orarmos! Quando assim o fazemos, em espírito, e pelo Espírito, oraremos além de nossas percepções, na busca de Deus, em e além de nós. Por isto, precisamos ver a oração como um caminhar à procura de Deus, para nEle nos calarmos. Um caminhar até a presença de Deus para nEle nos sentirmos acolhidos. Um caminhar em direção a Deus em Jesus Cristo para, emudecidos ou com gemidos, nos lançarmos aos seus pés e sermos curados.

Se o seu coração procura a Deus pela oração, aprenda a orar em Silêncio, pois, nele há muitas vozes falando, mas, para ouvir ao Senhor, é preciso se calar. Desta forma, quando Ele falar, poderás confessar como Jó: 2Bem sei que tudo podes, e nenhum dos teus planos pode ser frustrado. Quem é aquele, como disseste, que sem conhecimento encobre o conselho? Na verdade, falei do que não entendia coisas maravilhosas demais para mim, coisas que eu não conhecia. 4Escuta-me, pois, havias dito, e eu falarei; eu te perguntarei, e tu me ensinarás. 5Eu te conhecia só de ouvir, mas agora os meus olhos te vêem. 6Por isso, me abomino e me arrependo no pó e na cinza.” Jo 42.1-6.


No amor daquele que por intercede diante do Pai,


Cleber B. Gouveia

06 fevereiro 2009

Pequena só no Tamanho


Graça e Paz a todos da parte de nosso Senhor e Salvador Jesus Cristo!

Hoje quero compartilhar mais um texto com vocês. De autoria do Pr. Silas Silveira, pastor Jubilado da Igreja Presbiteriana Independente, o texto Pequenas só no Tamanho presente em seu livro PASTORAL DO OCASO, da editora Pendão Real, nos fala sobre o poder das pequenas coisas que, à primeira vista, não fazem diferença, mas no final se mostram de grande importância. Deus os abençõe com este texto, em o nome do Senhor Jesus Cristo, amém!


PEQUENA SÓ NO TAMANHO

Há cousas pequenas que podem mudar completamente vidas e fatos. Entre elas existem uma que é maravilhosa: a gota. 

São as gotas que fazem a chuva, tornando possível e agradável a vida. Sem essas benditas gotas, não teríamos as abençoadas chuvas que Deus manda.

Os pessimistas dizem que adianta nada; é uma gota de água no oceano. Os cinco pães e os dois peixinhos daquele menino pareciam não adiantar nada para uma multidão de cerca de 15 mil pessoas; era uma gota de água no oceano. Mas Jesus multiplicou esse alimento e foi possível alimentar todos, e ainda sobrou.

Uma outra gota que assusta é aquela da qual se diz: foi a gota de água que entornou . Quantas vezes, depois de reprimir o instinto agressivo e até de defesa, surge a gota que entorna o caldo. O pequeno fato ou a palavra era o que faltava para se desfazer uma esperança, dissolver um laço de amor ou amizade, ou para se extravasar o ódio e até o crime.

E que dizer daquelas gotas de sangue que Jesus verteu em sua paixão e agonia? São as gotas mais benditas, pois são gotas de amor e redenção, derramadas pelo divino Mestre Salvador.

E, para os olhos irritados, embaçados ou doentios, há a gota de colírio. É a gota que dá uma nova visão. No Reino de Deus e na Igreja do Senhor Jesus, precisamos de gente com visão da seara embranquecida e dos necessitados de salvação.

Está faltando aquela gotinha que se coloca na boca das crianças. É a gota que protege a pessoa do sarampo, da coqueluche, da poliomielite e de tantas outras enfermidades. São gotas poderosas que preservam a vida, mantém a saúde e enchem corações de alegria e esperança.

Benditas as gotas, pequeninas e, a primeira vista, insignificantes, mas que são recursos da providência divina para o bem e a felicidade da criatura, e para a glória do Criador.


O Rev. Silas Silveira é pastor Jubilado da I.P.I.B.
e atualmente reside no Lago Norte, Brasília, D.F.

03 fevereiro 2009

O SER PASTOR


Graça e Paz!

Hoje postarei um texto antigo sobre o "ser pastor". Não é um legislar em causa própria. Mas um compartilhar de percepções adquiridas na convivência com pessoas tomadas por Deus para este serviço cristão. Tal como uma poesia, porém sem seus principais elementos, fiz este texto que se segue abaixo:


O SER PASTOR

Talvez a tarefa mais divina que já tenha surgido na história humana, também por isto a mais humana. Cheia de contrastes, como os altos e baixos de uma caminhada numa grande montanha.  Vitórias e derrotas, como as de um grande lutador; talvez mais derrotas que vitórias.

Humano, frágil como um vaso de porcelana, e tão super homem ao mesmo tempo, vive entre o criar e o frustar expectativas. Vive entre o céu e o inferno da vida humana, se equilibrando em cima de uma corda bamba com seu guarda chuva já sem lona, já desgastado pelos temporais de outono, pelo frio seco do inverno, e pelos raios de sol de um verão quente, num sertão sem sobras.

Soldado ferido, que ao cair sem forças durante uma batalha é considerado morto pelos seus, e um peso difícil de se carregar. Jogado então à própria sorte fica no campo de guerra, a espera de um milagre, de uma mão  estendida que o possa levantar, e com amor cuidar de seus ferimentos. De uma voz que lhe dê esperança, pois, para ele a vida é um Dom, e o mais precioso que há, por meio do qual os outros se tornam reais.

Alguém que crê ser possível a realização dos sonhos. Mas que também compreende e assimila as perdas, as impossibilidades, os sonhos inacabados: “Quem sabe ainda possa brotar o ramo da vida no tronco a ser cortado?”

Enfim, um ser. Um ser que vive para o Outro, como também para os outros. Um ser que simplesmente busca tomar forma, honrando ao oleiro sendo aquilo que lhe foi dado como objetivo maior de sua existência que o é: O SER PASTOR...”

No amor do nosso Bom Pastor Jesus Cristo,

Cleber Batista Gouveia
Pastor da I.P.I. do P-Sul, em Ceilândia D.F.
e da I.P.I. em Santa Rosa do Descoberto, em Santo Antônio de Goiás.