Muitos questionamentos se reportam ao uso correto do Dia do Senhor, e inúmeros cristãos mostram-se confusos a respeito deste assunto. Perante tais indagações faz-se necessário considerar alguns fatores relevantes para a compreensão desse tema. Primeiramente, o termo tb;v' (shābāt) na Bíblia não significa “sábado”, um dia da semana, mas um dia de descanso do trabalho. No Antigo Testamento o ano iniciava-se em um dia de “sabbath”, conforme Lv 23.4-16. Assim, o calendário tinha de ser ajustado regularmente para acrescentar ao ano “sabbaths” extras, em virtude das datas fixas (Ex 12.1-28; Lv 23.15). Somente depois do ajuste definitivo do calendário judaico, em 359 d.C, que os “sabbaths” dos judeus passaram a cair sempre no dia que agora denominamos de “sábado”. Portanto, é um erro identificar “sabbath” com o dia de sábado. Durante toda a história da igreja, o domingo tem sido observado como o “sabbath” dos cristãos. Foi no primeiro dia da semana que Cristo ressuscitou dentre os mortos (Jo 20.1-18), apareceu aos discípulos (Jo 20.19,26) e derramou o seu Espírito no Pentecostes, celebrado no primeiro dia da semana (At 2.1). Os apóstolos distinguiam o este dia como um dia especial para a reunião e celebração do povo de Deus (At. 20.7). Assim, a Igreja Cristã, por unanimidade, escolheu o domingo como o dia reservado para o culto dos cristãos que se reúnem a fim de dar graças e reencontrar-se com a alegria, a paz e o poder necessário à sua missão no mundo. Quem por alguma razão não pode observar o dia de domingo, pode escolher outro dia. O importante é ter um dia em sete, reservado para o descanso e santificação a Deus. O Dia do Senhor não deve ser observado com ociosidade, não é um momento de inatividade onde permitimos que lixos televisivos adentrem nossos lares, ou de mero lazer e sono. O Dia do Senhor deve ser um tempo de reflexão, consagração, renovação de propósitos e, principalmente, um dia de adoração a Deus. Celebrar o Dia do Senhor é, portanto, reconhecer seu senhorio não apenas sobre um determinado dia, mas depositar em suas mãos todos os dias da semana. Viver o dia de descanso sem exaltar a Deus é fazer do mesmo um dia comum. O Dia do Senhor sem devoção e piedade, sem consagração, oração e adoração perde seu significado e santidade. “Este é o dia que o Senhor fez; regozijemo-nos e alegremo-nos nele.” (Sl. 118:24).
Sonia Carniato Gonçalves
Bacharel em Teologia pelo Seminário Presbiteriano de Goiania,
e membro da Primeira Igreja Presbiteriana Independente do DF.
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