“Ó Deus, vê se há em mim algum pecado e guia-me pelo caminho eterno...”
Salmo 139.24
Você já tentou olhar para o seu próprio nariz? Confesso quando criança ter tentado fazer isto por varias vezes, e ainda hoje, às vezes pegar-me nesta tentativa. Sabemos bem como é difícil não vê-lo, ou se vemos, isto ocorre de forma desfocada. Fica claro, portanto, ser algo muito difícil a tarefa de olhar para o próprio nariz, a não ser que se esteja em frente a um espelho; imagine então olhar para o que há em nosso coração.
Da mesma forma que, para se poder ver claramente nosso nariz, é necessário estar em frente a um espelho, creio que, quando tentamos sondar nossos próprios corações, em seus mistérios mais profundos, também precisarmos de auxilio para vermos o mal que neles há.
Penso assim por entender que nossos corações (ou mentes) são, primeiramente, como nossos pais, quando estes olham para nós e não conseguem ver nossa feiúra, ou mesmo nossos defeitos. Trabalho em uma escola com muitos adolescentes e seus problemas naturais da adolescência. Quando há algo envolvendo um ou mais adolescentes, e os pais são chamados para conversar, sempre se vê em sua expressões ou palavras a frase: “meu filho não; o outro sim, o meu não!”. Na maioria das vezes mascaram, escondem ou fazem vista grossa, e afirmam: “meu filho não seria capaz de fazer isto!”. Ou seja, ainda que vejam ou saibam quem há algo de errado, a grande maioria prefere fazer de conta que não viu”; com os nossos corações acontece o mesmo.
Outras vezes, nossos corações se mostram como um Hipermétrope (pessoa que enxerga bem o que está longe e não consegue focar o que esta perto), não conseguindo, assim, enxergar direito seus próprios defeitos. Jesus falou sobre isto ao afirmar que conseguimos enxergar o cisco nos olhos do próximo, mas não a trave que há em nossos (Mateus 7.13). Precisamos, desta forma, ir ao espelho que tudo vê, como aquele da estória da Branca de Neve, e pedirmos: “Espelho, espelho meu, revela-me o pecado que de mim se escondeu”.
Creio ter sido a consciência desta realidade o que levou o salmista Davi pedir auxilio ao Senhor, o “espelho da nossa alma que tudo vê, e tudo pode nos revelar a respeito de nós”. Davi sabia que sua natureza pecaminosa era como um cleptomaníaco, o qual rouba, mas nega seu erro. Que seu coração era às vezes como alguém embriagado que nega todas as suas atitudes ofensivas aos que ama, ou até mesmo como aquela pessoa a qual afirma nunca ter pecado, “pois não mata, não rouba e não faz mal a ninguém, nem mesmo ao mosquito da dengue”. Davi, contudo, também tinha plena convicção de que o Senhor podia conhecer o mais íntimo do seu coração, e desvendá-lo.
Nós também devemos reconhecer nossa incapacidade diante do nosso pecar, e da nossa necessidade dos olhos do Senhor. Precisamos reconhecer que somente o Espírito Santo poderá nos convencer do nosso pecado (João 16.8), e clamar para que este, que sonda também o mais íntimo do coração de Deus (1a. Corintios 2.9) possa penetrar no mais profundo do nosso ser, revelando nossa miséria, e nos direcionando pelo caminho eterno.
Como Davi, precisamos crer e compreender que o Senhor Jesus tem prazer em nos mostrar onde estamos entristecendo Seu coração, e nos chamar ao arrependimento (Lucas 5.32), e, uma vez quebrantado nossos corações, nos guiar em Si mesmo, o caminho direto ao Pai, o caminho eterno do Pai (João 4.6). Precisamos, portanto, olhar para o espelho espiritual que tudo vê, e tudo revela a respeito de nossos corações, e assim, sermos levados ao caminho eterno cheio de Paz, Vida e Amor de nosso Deus.
Cleber Batista Gouveia.
Pastor Auxiliar da 1a. IPI do DF, e
Capelão do Colégio CEDECA, Taguatinga DF.
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