05 junho 2006

Confissão

Minhas mãos são desajeitadas,
Parecem-me grandes, às vezes pequenas,
Parecem-me fortes, às vezes fracas,
Parecem-me firmes, mas são trêmulas.
Minhas mãos são desajeitadas,
Para tocar um cristal sem quebra-lo,

É um sentimento de inadequação,
Uma sensação estranha de inaptidão,
Como se pisasse solo sagrado,
Com pés calçados,
Ou um espinheiro,
Com pés descalços,

Aqui está a raridade, a beleza,
A santidade, a verdade,
Revelando minha trivialidade, banalidade,
E quase insanidade de pensar em adequa-lo!
Como adequar tamanha grandeza?
Se minhas palavras são pequenas, confusas, incertas,
Finitas, irreverentes...

Que tarefa inglória,
Sinto o grito profético:
Ai de mim, estou perdido... e os meus olhos viram o Rei!
Entendo o clamor apostólico:
Miserável, homem que sou!

Parcialidade, incapacidade e nulidade são as únicas siglas
Que me ocorrem,
Sinto arder meu peito,
Sinto tremer meus lábios,
Sinto até tentar,
Mas desistir
Mas o que de fato sinto?
Sinto muito...

Sinto querer e não poder,
Querer e não dever,
Sinto tentar, mas fracassar,
Afinal, amor é sagrado, para ser profanado,
Por mim, pecador!

Rev. Jean Douglas Gonçalves

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