Há... Nada como uma copa do mundo – são quatro anos que parecem demorar mais do que os 76 anos que o cometa Halley leva em sua órbita para nos visitar. Mas já foi ouvido na sabedoria popular que o “bom da festa é esperar por ela”. O que vemos, quando ela chega, é de encher os olhos... Nossa rotina é drasticamente alterada: é preciso rever cada um de nossos horários de modo que não haja um choque com as partidas disputadas pela seleção brasileira – e mudamos tudo – refeições, encontros, trabalho, visitas, e porque não dizer, mudamos junto com tudo isso.
É interessante perceber o quanto faz parte do ser humano a expectativa de algo que o tire da mesmice – o período da copa nos introduz um sentimento coletivo, como em raros momentos – de que tudo poderá ser diferente se vencermos: estaremos sorrindo mais, andaremos mais felizes pelas ruas, nosso trabalho nos aborrecerá menos, perderemos muitos de nossos medos durante esse período confiados nessa esperança.
A mídia, fiel escuderia da filosofia pós-moderna, desempenha com sucesso o seu papel de fortalecer esse sentimento, ministrando ela mesma a dose cavalar de um tipo de anestésico capaz de mergulhar nosso complicado país em um state of mind incomum. Posso imaginar o papo na redação: - Olha gente... Hoje é dia de jogo! Nada de mensalão, CPI de Bingo, PCC, menino jogado em lagoa e coisas desse gênero! O futebol é o ópio do povo! Vamos dar ao povo o que eles querem – e redigem com elegância seus textos, associando-os às imagens dos lances “mágicos”, que enchem os olhos das pessoas pelas ruas e pelas casas, alimentando o monstro da pseudo-esperança da nossa já dormente sociedade.
Mas e quanto a nós evangélicos? Será que somos (estamos) imunes a esse quadro? Bem, pensando um pouco, percebemos que alguma coisa muda em nosso habitat evangeliquês: A primeira coisa é mudar os horários dos cultos, é lógico, para não chocar com o horário dos jogos – afinal, ninguém espera que alguma viva alma, em sã consciência, invente de querer consolo espiritual e comunhão em um dia de Brasil X Argentina, por exemplo, e se quiser, vá ao horário alternativo - afinal, é impossível mudar o horário do jogo - mas o do culto... E já que a maioria vai optar pelo jogo mesmo. Também não é a melhor das idéias inventarem de fazer visitas ou coisas do gênero... Afinal, competir com a televisão é covardia... Visita mesmo na casa do irmão? Só se for pra assistirmos ao jogo juntos...
Existem duas vertentes que norteiam os evangélicos nessas circunstâncias. Uma ala, a que defende o “Princípio da Sabedoria”, procura se adequar aos fatos – tudo pelas pessoas – é o seu lema. Outra vertente, tida por mais radical, defende o “Princípio da Prioridade”, mantendo seus horários – Deus tem que ser mais importante que um jogo – dizem.
Está evidente que discutir entre estes princípios é perda de tempo. Nem é isso que me preocupa. Acredito que sobre a Igreja, foi estabelecido o status de agência de fomento da verdadeira esperança, uma comunidade de pessoas cujo estilo de vida aponta para uma esperança verdadeira, essa sim, atemporal e infalível. Sabemos que ela, essa esperança, pode proporcionar ao vazio coração a alegria genuína que buscamos desde a eternidade, mediante a paz que repousa na confiança em um Deus que jamais nos abandona. Paz que resiste até mesmo aos nossos olhos e corações abertos, que recebem diariamente essa carga de situações que nos aflige e nos faz permanecer e acreditar, firmemente, que “Aquela” que excede o nosso entendimento desafia até nós mesmos e a nossa sobriedade, frente às intempéries que encontramos pelo caminho.
Afinal, pensando bem, talvez haja poucas ocasiões tão propícias para mostrarmos o quanto a razão da nossa fé é incomparável e sublime. Certamente, ao demonstrarmos que nossa alegria não se desfaz depois de uma derrota ou de uma eventual eliminação precoce da seleção canarinho, poderemos enfim apontar para Aquele que não permite que se consuma a nossa compaixão pelo perdido e aflito – nem mesmo em épocas de Copa.
E assim mesmo, enquanto se retiram todos os adereços de nossas ruas, as bandeirolas deixam os carros e a vida continua, nossa fé nos aponta para o alto, onde Deus fez sua morada, além da rasa órbita do Halley, um infeliz a quem restam apenas mais 300 mil anos de vida.
Ele pode ter começado sua jornada primeiro, mas eu venci, porque certamente viverei bem mais que isso, viverei eternamente em Sua Presença, onde minha comemoração durará para sempre, na vitória obtida na Copa da Cruz, no estádio do Calvário.
Aleluia, a taça é nossa.
É interessante perceber o quanto faz parte do ser humano a expectativa de algo que o tire da mesmice – o período da copa nos introduz um sentimento coletivo, como em raros momentos – de que tudo poderá ser diferente se vencermos: estaremos sorrindo mais, andaremos mais felizes pelas ruas, nosso trabalho nos aborrecerá menos, perderemos muitos de nossos medos durante esse período confiados nessa esperança.
A mídia, fiel escuderia da filosofia pós-moderna, desempenha com sucesso o seu papel de fortalecer esse sentimento, ministrando ela mesma a dose cavalar de um tipo de anestésico capaz de mergulhar nosso complicado país em um state of mind incomum. Posso imaginar o papo na redação: - Olha gente... Hoje é dia de jogo! Nada de mensalão, CPI de Bingo, PCC, menino jogado em lagoa e coisas desse gênero! O futebol é o ópio do povo! Vamos dar ao povo o que eles querem – e redigem com elegância seus textos, associando-os às imagens dos lances “mágicos”, que enchem os olhos das pessoas pelas ruas e pelas casas, alimentando o monstro da pseudo-esperança da nossa já dormente sociedade.
Mas e quanto a nós evangélicos? Será que somos (estamos) imunes a esse quadro? Bem, pensando um pouco, percebemos que alguma coisa muda em nosso habitat evangeliquês: A primeira coisa é mudar os horários dos cultos, é lógico, para não chocar com o horário dos jogos – afinal, ninguém espera que alguma viva alma, em sã consciência, invente de querer consolo espiritual e comunhão em um dia de Brasil X Argentina, por exemplo, e se quiser, vá ao horário alternativo - afinal, é impossível mudar o horário do jogo - mas o do culto... E já que a maioria vai optar pelo jogo mesmo. Também não é a melhor das idéias inventarem de fazer visitas ou coisas do gênero... Afinal, competir com a televisão é covardia... Visita mesmo na casa do irmão? Só se for pra assistirmos ao jogo juntos...
Existem duas vertentes que norteiam os evangélicos nessas circunstâncias. Uma ala, a que defende o “Princípio da Sabedoria”, procura se adequar aos fatos – tudo pelas pessoas – é o seu lema. Outra vertente, tida por mais radical, defende o “Princípio da Prioridade”, mantendo seus horários – Deus tem que ser mais importante que um jogo – dizem.
Está evidente que discutir entre estes princípios é perda de tempo. Nem é isso que me preocupa. Acredito que sobre a Igreja, foi estabelecido o status de agência de fomento da verdadeira esperança, uma comunidade de pessoas cujo estilo de vida aponta para uma esperança verdadeira, essa sim, atemporal e infalível. Sabemos que ela, essa esperança, pode proporcionar ao vazio coração a alegria genuína que buscamos desde a eternidade, mediante a paz que repousa na confiança em um Deus que jamais nos abandona. Paz que resiste até mesmo aos nossos olhos e corações abertos, que recebem diariamente essa carga de situações que nos aflige e nos faz permanecer e acreditar, firmemente, que “Aquela” que excede o nosso entendimento desafia até nós mesmos e a nossa sobriedade, frente às intempéries que encontramos pelo caminho.
Afinal, pensando bem, talvez haja poucas ocasiões tão propícias para mostrarmos o quanto a razão da nossa fé é incomparável e sublime. Certamente, ao demonstrarmos que nossa alegria não se desfaz depois de uma derrota ou de uma eventual eliminação precoce da seleção canarinho, poderemos enfim apontar para Aquele que não permite que se consuma a nossa compaixão pelo perdido e aflito – nem mesmo em épocas de Copa.
E assim mesmo, enquanto se retiram todos os adereços de nossas ruas, as bandeirolas deixam os carros e a vida continua, nossa fé nos aponta para o alto, onde Deus fez sua morada, além da rasa órbita do Halley, um infeliz a quem restam apenas mais 300 mil anos de vida.
Ele pode ter começado sua jornada primeiro, mas eu venci, porque certamente viverei bem mais que isso, viverei eternamente em Sua Presença, onde minha comemoração durará para sempre, na vitória obtida na Copa da Cruz, no estádio do Calvário.
Aleluia, a taça é nossa.
Milton Furtado é Ministro de Louvor na Igreja Presbiteriana Independente Central de Brasília e vocalista na banda Supernovavida
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