26 outubro 2007

DÁ-NOS IR À SUA PRESENÇA A CADA DIA SENHOR!

“...o pão nosso de cada dia nos dá hoje;”
Mateus 6.11

Oração é um tema da vida cristã no qual tenho refletido muito ultimamente. De forma específica, tenho pensando a respeito da oração que Jesus ensinou aos Seus discípulos, a qual conhecemos como sendo a “Oração Dominical” – apesar de entender pelo relato bíblico que não se deva orar a mesma somente aos domingos. E ao meditar sobre esta oração me pego pensando especificamente no verso que diz: “... o pão nosso de cada dia nos dá hoje”. Nele fui levado a várias passagens bíblicas, como a do maná dado no deserto e que não se podia guardar para depois – o povo deveria aguardar por Deus no outro dia –, como também em versos como os dos Salmos 84.7 e 42.2. Bem, gostaria de compartilhar algumas considerações que meu coração trouxe a mim a partir do texto de Mateus. São reflexões simples, e que exponho a seguir, entendendo que ao pedirmos o “pão de cada dia” estamos:

a) Reconhecendo nossa dependência de Deus: isto é reconhecer que toda a provisão do dia começa e termina nEle. O pão que nos fortalece pela manha não vem de nós. Não resulta tão somente em um esforço isolado de mãos calejadas. É parte integrante do Dom da vida dada por Deus. Orar “dá-nos o pão nosso de cada dia” é fazer referencia a uma existência a qual, sem Deus, não resistiria aos desafios que se apresentam já pela manhã, e se estendem por todo dia. É declarar que nossa existência neste dia depende da ação de Deus em favor de nós já no pão colocado sobre a mesa junto ao café e o leite, a qual se estende sobre a benção do ir ao trabalho, do almoçar, da volta pra casa, do jantar em família, e do sono tranqüilo até o ciclo do novo dia, no qual, pela manhã, novamente vamos diante dEle receber de Sua mãos a provisão pra continuidade da vida.

b) É reconhecer, portanto, que a vida e tudo o que temos advêm dEle: é dizer: “sabei que o Senhor é Deus: foi ele quem nos fez e dele somos; somos o seu povo, e rebanho do seu pastoreio.” (Salmo 100.2). Nós seres humanos somos os únicos seres criados cuja existência não está plena em nós mesmos. Não sou ser humano em mim mesmo, mas minha existência aponta para além de mim. Isto porque Ele colocou a Sua Imagem e Semelhança em nós. Portanto, só podemos existir enquanto imagem e semelhança de Deus. Assim sendo, orar “o pão nosso de cada dia nos dá hoje” é reconhecer que o salário do pecado é a morte, mas, o da vida eterna (a qual já se vive no hoje, e se viverá no amanhã, é o Dom gratuito de Deus (Romanos 3.3). É ser livre da auto-suficiência que nos escraviza e nos impossibilita viver a vida em Sua plenitude. É orar reconhecendo o Senhor em todos os nossos caminhos (Provérbios 3.6), dizendo: “durante o dia, me concede a sua misericórdia, e à noite comigo está o seu cântico, uma oração ao Deus da minha vida.” (Salmo 42.8). Desta forma, não há como fugir do fato de que tudo em nossa vida vem dEle. Reconhecer isto a cada manhã, faz parte da oração que pede: dá-me mais do Pão da Vida neste dia, Senhor (João 10.10).

c) É também a única forma de nos vermos dia a dia diante de Sua face, a cada manhã: mais que uma declaração de dependência, orar pedindo “o pão nosso de cada dia nos dá hoje” é ir diante dEle, do Rei, e estar com Ele arrazoando a respeito de nossas expectativas diárias, e fazer a entrega das mesmas diante dEle, na certeza de que isto nos trará Sua paz que excede todo entender (Filipenses 4. 6-8). Às vezes, vive-se na dependência de alguém sem sequer conhecer sua face. Um empregado de uma fazenda em Goiás pode ter todo o sustento de sua vida no pagamento feito por seu patrão na Itália, sem sequer ter estado com ele durante toda uma vida. Hoje em dia há filhos que estudam, comem, vestem, andam de carro, sem sequer falar com seus pais durante o dia, talvez semanas ou meses. Dizem que são os desencontros da agenda. Quantos cristãos não vivem assim, acordando, comendo, trabalhando, descansando no turno da noite, afirmando que tudo vem de Deus, mas não têm um minuto do dia diante da face do seu Deus? A oração do Pai nosso nos livra disto, e nos faz todos os dias aparecer, como diz o Salmos 84.7, ante a face do Senhor: “Vão indo de força em força; cada um deles aparece diante de Deus em Sião.”. Pois, cada vez mais ao orarmos pela manhã pedindo “o pão nosso de cada dia”, mais somos tomados pelo desejo de estar diante do Rei. Passamos dos que antes não tinham tempo para ali estar, aos que agora dizem como o salmista “A minha alma tem sede de Deus, do Deus vivo: quando irei e me verei perante a face de Deus?” (Salmo 42.2).

Graças a Deus porque por Seu Filho, o Senhor Jesus Cristo, temos acesso livre, contínuo, eterno para a Sua presença Santa (Hebreus 10.19ss).

Aprendamos a orar a oração que o Senhor nos ensinou. Ela nos faz andar no caminho da comunhão, da intimidade, da dependência, do reconhecimento, do testemunho que glorifica, do não esquecimento de quem é o nosso Deus, e de que tudo que somos e temos vem dEle.

Assim seja Senhor a nossa vida! Um dispor diário para estar contigo pelo que Tú és Senhor, celebrando o que fazes por nós, em Cristo Jesus, Teu Filho no qual tem prazer, e em quem todos somos feituras Sua cada dia mais pelo Teu Espírito, amém.

Bom é render graças ao Senhor, e cantar louvores ao teu nome, ó Altíssimo, anunciar de manhã as tuas misericórdias, e, durante as noites, a tua fidelidade...”. Salmo 92.1-2.

Cleber Batista Gouveia.
Pastor Auxilidar da 1ª. IPI do Distrito Federal,
e colaborador do site: www.falaremdeus.blogspot.com