30 dezembro 2006

Elias

Agora eu sei que o senhor é um homem de Deus e que Deus realmente fala por meio do Senhor!
1 Reis 17. 24

Queria ser reconhecido e viver em uma comunidade que fosse reconhecida por ser instrumento por meio de quem grandes libertações e milagres se operassem. Elias era um homem assim. Era um profeta cujo poder se funda em sua relação com o Senhor. Em sua intimidade e comunhão com o Pai ele é conduzido à casa de uma viúva em Sarepta. Ali, ela mora sozinha com seu filho e se prepara para cozinhar o último pãozinho e, então, morrer de fome ao seu lado naquela terrível seca.
Quando o profeta chega, Deus muda tudo por meio dele. Não se preocupe! Vá preparar a sua comida. Mas primeiro faça um pãozinho com a farinha que você tem e traga-o para mim. Depois prepare o resto para você e para o seu filho. Pois o Senhor, o Deus de Israel, diz isto: “Não acabará a farinha da sua tigela, nem faltará azeite no seu jarro até o dia em que eu, o Senhor, fizer cair chuva” (1 Rs. 13 – 14). Ninguém morrerá de fome. Deus suprirá as necessidades do Seu profeta e daquela viúva e seu filho. Enquanto a seca existir, a farinha e o azeite não se acabarão. Um grande milagre operado pela mão do Senhor naquele lugar.

Um outro grande milagre acontece quando o menino adoece e, finalmente, morre. Deus, atendendo a oração do profeta, o ressuscita. A presença de Deus na pessoa de Elias altera o quadro de maneira tremenda na casa daquela viúva. Reverte uma situação de fome e miséria de maneira miraculosa. Cura e ressuscita mortos por meio da vida do profeta. Queria ver essa realidade em minha vida e na da minha comunidade: a presença de Deus ser tão absolutamente perceptível que transforme situação de forma fantástica, ressuscitando mortos, curando enfermos, realizando milagres inauditos.

Além de sinais e maravilhas, a presença de Deus na vida do profeta expõe os segredos. A percepção da santidade de Deus envolvendo aquele homem provoca uma reação interessante na viúva. Ciente da santidade de Deus, ela teme e percebe o seu próprio pecado e sua sujeira pessoal. Homem de Deus, o que o senhor tem contra mim? Será que o senhor veio aqui para fazer com que Deus lembrasse dos meus pecados e assim provocar a morte do meu filho? (1 Rs. 17. 18). Ela vê o Deus santo no profeta e percebe-se como pecadora. Por isso, quando seu filho adoece ela acusa Elias de estar ali apenas para expor seu pecado diante de Deus.

Queria ser reconhecido e viver em uma comunidade que fosse reconhecida pela presença viva de Deus em seu meio. Presença que impactasse profundamente as vidas, que expusesse sua necessidade de perdão e de transformação, porque eu e minha comunidade estaríamos refletindo a presença santa e gloriosa do Senhor. Eu queria viver a experiência relatada em cada avivamento de que apenas pela presença de Deus na vida das pessoas, vidas eram salvas, corações se arrependiam, milagres aconteciam. A presença de Deus era tão perceptível na vida de Elias que a viúva foi impactada e transformada pelo sopro da santidade do Senhor.

Por fim, queria ser reconhecido e viver em uma comunidade que fosse reconhecida como sendo do Senhor e por meio de quem Deus fala aos homens. Agora eu sei que o senhor é um homem de Deus e que Deus realmente fala por meio do Senhor! Toda essa história serviu para que a consciência e o entendimento daquela mulher se estabelecesse. Ela, extasiada, conclui que aquele homem é especial: ele é de Deus e por meio dele o Senhor Santo do universo fala aos homens.

Não é apenas um desejo. Creio, muito mais, que seria a obrigação de todo aquele que foi resgatado pelo Senhor ser reconhecido dessa maneira que aponta o texto sobre Elias. Fomos resgatados pelo Senhor com o propósito de fazermos o Seu nome glorificado em toda a terra. Nesse propósito, existimos para torná-Lo conhecido e fazermos a Sua palavra anunciada entre todos os povos. Por isso, devemos viver, buscando com todas energias a presença de Deus, para que possamos ser instrumentos de Seus milagres – que O glorificam –, para que Sua presença em nós leve o Seu temor àqueles que precisam ainda conhecê-Lo e para que possamos ser reconhecidos como servos e servas de Deus, por meio de quem Ele dirige a Sua Palavra à humanidade.
Daniel Dantas
Jornalista e funcionário da Petrobrás.

24 dezembro 2006

Aprendamos com os pastores...


O relato do Evangelho de Lucas sobre os pastores que guardavam os seus rebanhos no primeiro Natal, e que presenciaram o cumprimento da promessa de Deus com respeito ao nascimento do Salvador, sempre me desafiam com perguntas inquietantes e exigem de mim ações concretas à altura do real sentido do Natal. (Lucas 2.8-20)

Homens comuns, fazendo coisas comuns e em um dia que aparentemente seria comum. Contudo, um anjo aparece durante a vigília da noite e anuncia a mais importante notícia de todos os tempos: “...hoje vos nasceu na cidade de Davi, o Salvador, que é Cristo, o Senhor” (Lucas 2.11).

As ações dos pastores após esta “boa-nova de grande alegria” são um desafio para a nossa vida cristã! Veja:

Verso 15: “Vamos até Belém e vejamos os acontecimentos que o Senhor nos deu a conhecer”. Eles demonstraram um real interesse em aprofundarem-se no conhecimento da vontade de Deus!

Verso 16: “Foram apressadamente...”. Conhecer mais, e de forma concreta, a vontade de Deus é urgente; é importante; é imperdível!

Verso 17 e 18: “... vendo-O, divulgaram o que lhes tinha sido dito a respeito deste menino. Todos os que ouviam se admiraram...”. Eles proclamaram a mensagem com fervor e fé, o que produzia admiração e interesse!

Verso 20: “voltaram, então, os pastores glorificando e louvando a Deus por tudo que tinham ouvido e visto...”. O interesse transformou-se em experiência concreta que redundou em louvor vivo, alegre e jubiloso!

Princípios que aprendemos com os pastores:

1) O conhecimento da vontade de Deus deve levar-me à experiência concreta com Deus. Sem tal experiência, este conhecimento de nada vale para mim!

2) A experiência concreta faz o meu testemunho ser fervoroso. Aquilo que eu creio não passa despercebido das pessoas à minha volta!

3) O louvor, a adoração e a glorificação a Deus são uma realidade visível e permanente na minha vida de fé.
Os pastores celebraram o Natal verdadeiro da maneira que Deus também espera de você e de mim!

Eu quero celebrar este Natal assim como estes pastores, e você?

Rev. Ézio Martins de Lima
Pastor da IPI Central de Brasília
e 1o. Secretário da Diretoria Nacional da IPIB.

21 dezembro 2006

NATAL É LUZ


“O povo que andava em trevas viu grande luz, e aos que viviam na região da sobra da morte resplandeceu-lhes a luz...”
Isaías 9.2-6


“Andar em trevas” expressa a vida solitária, sem esperança, sem aspirações e sonhos. É o estado de estar perdido existencialmente, socialmente e espacialmente. Não fora apenas o andar em trevas, estes ainda são sombreados pela morte. Quem vive em tais condições precisa mesmo – e urgentemente— de luz! Luz que dissipe as trevas. Luz que tire de sobre eles a sombra da morte.

Quem são estes que andava em trevas e estão sob sombra da morte? Somos nós! Você e eu!

Na nossa ilusão, concluímos que temos esta luz! Negamos que somos solitários! Negamos até a realidade da morte! Fingimos que a sombra da morte não está sobre nós! Julgam-nos imortais. Andamos com nossos pés sobre uma corda bamba em cima de um precipício sem fundo. E levamos a vida sobre a corda bamba... Está tudo escuro! A sombra da morte cobre o nosso caminho... mas fingimos que está tudo bem! Mas até quando iremos fingir?

Quando Isaías fala do nascimento de Jesus, usa a imagem da luz que é vista por aqueles andavam em trevas e que andavam na região da sombra da morte. Antes do nascimento do Salvador Jesus Cristo, verdadeiramente os homens e mulheres viviam na escuridão da falta de esperança, no frio da falta de sentido e na angustiante certeza da morte.

Mas, a grande luz surgiu. A Sua presença aniquila o poder do pecado e da morte...

Tudo quanto conhecemos de valioso, de belo, de esplendoroso, de magnífico, de sábio... Todos os nossos tesouros que nos trazem segurança, nossos conhecimentos que julgamos ter, se comparados com a Luz de Jesus são como uma fraca chama de vela. E é inacreditável que alguns decididamente tentem passar pela vida, enfrentar a escuridão e a sombra da morte, usando uma fraca luz de vela! A frágil labareda dos sofismas e das nossas pseudo-seguranças, não resiste ao menor dos ventos... Por isso há tanta gente solitária, sozinha, sem esperança, vivendo sob a sombra da morte! É que estão tentando iluminar a vida, iluminar o caminho, e se livrarem da sombra da morte, utilizando a mentira de uma pequena labareda de uma luz de vela!

Você e eu precisamos de Jesus! Precisamos da sua luz! Ele disse “Eu sou a luz do mundo; quem me segue não andará em trevas; pelo contrário, terá a luz da vida” (João 9.12).

Nestes dias há luzes por todos os lugares. Lâmpadas que enfeitam pinheiros, fachadas de lojas, ruas, árvores... Mas estas luzes não iluminam a vida, não trazem sentido à vida e muito menos nos livra da sombra da morte. Estas luzes, passadas as festas do final de ano, serão encaixotadas... permanecem, contudo, os homens e as mulheres, com o coração na escuridão.

Que natal você celebrará nestes dias e nos próximos que virão?

Que tal deixar que a luz de Jesus inunde sua vida, dissipando a escuridão e te trazendo a garantia de que a morte não terá poder sobre você? Celebrar o Natal é celebrar que a Luz de Deus visitou-nos para dissipar a escuridão e para livrar-nos da morte.

Rev. Ézio Lima
Pastor da IPI Central de Brasília
e 1o. Secretário da Diretoria Nacional da IPIB.

28 novembro 2006

Conseqüências

Vamos nos separar!
Gênesis 13. 9


Como seres humanos que somos, somos passíveis de erros. E a maior parte dos nossos erros se deve ao fato de desprezarmos aquilo que Deus, explicitamente, define como Sua vontade.
Erramos por não ouvir a voz de Deus, por não obedecê-la.
Ao chamar Abrão, em Gênesis 12, Deus foi muito claro e específico: Saia da sua terra, do meio dos seus parentes e da casa do seu pai e vá para uma terra que eu lhe mostrarei (Gn. 12. 1). A promessa de Deus se relacionava a Abrão deixar sua terra e sua família e ir para uma terra estranha, sozinho. Esse era o centro da vontade divina para o vocacionado Abrão: estar só, em terra desconhecida, longe de suas referências familiares.

Só que Abrão desobedece, fato que passa despercebido pela maioria de nós. E Ló foi com ele (Gn. 12. 4). Era para Abrão deixar a família, mas ele levou seu sobrinho. Ouvir a voz de Deus, na Bíblia, nunca demais lembrar, é obedecer. Ninguém duvida que Deus foi muito claro e especifico com o patriarca quando o chama para deixar sua casa e sua família. Abrão escutou isso, mas não ouviu. Não obedeceu.

Quando fazemos as coisas sem dar ouvidos ao conselho do Senhor, sofremos as danosas conseqüências. O exemplo mais clássico na história bíblica aparece em Josué 9. Ali os gibeonitas armam uma cena para fazer acordo com os israelitas e escaparem da destruição. Fingem ser viajantes de um país distante. Quando o acordo é fechado, o texto bíblico é claro sobre a atitude do povo de Deus: Os homens de Israel aceitaram a comida deles, porém não pediram conselho a Deus, o Senhor. Josué fez um acordo de paz com os gibeonitas, prometendo que não seriam mortos. E os líderes do povo de Israel juraram que cumpririam a sua palavra (Js. 9. 14 – 15).

Abrão desobedeceu levando seu sobrinho consigo na viagem. O que esse texto me ensina, porém, é que quando Deus tem um plano e revela a Sua vontade, Ele intervém em nossa vida, miraculosamente, para nos colocar no prumo de novo. Deus intervém para que Sua vontade prevaleça, apesar de nossa desobediência.

Abrão desobedeceu, mas logo logo surgiu uma briga entre os trabalhadores dele e de seu sobrinho, o que forçou uma separação. Vamos nos separar!

Essa história nos ensina algumas conseqüências de desobedecermos a vontade de Deus. Ele fará seu plano voltar ao centro, nem que para isso tenha que intervir da forma como interveio na vida de Abrão. Nunca é agradável ter de voltar ao centro da vontade do Senhor à força. É sempre melhor ter os ouvidos atentos e o coração disposto a obedecer. Mas precisamos saber que Deus vai fazer o Seu projeto se realizar em nossa vida, apesar de nós.
Daniel Dantas
Jornalista e funcionário da Petrobrás.

22 novembro 2006

Uma lágrima para Deus



As lágrimas fazem parte do nosso cotidiano, quem disser que não chora está equivocado, o gotejamento ocular de nossas lágrimas permite que nossa visão se renove a cada piscadela... e há ainda aqueles que por alguma limitação fisiológica são privados do seu orvalho renovador; esses têm que recorrer a um tipo de “pranto artificial”, em gotas, colírios para que aquilo que se vê não venha carregado, em suas imagens, do ardor que na sua ausência se faz peculiar. Mas não é disso que se trata.
Lágrimas me fazem pensar muito, talvez porque as considere um elo (quase sobrenatural) entre aquilo que os nossos sentidos percebem em contradição ao que a nossa alma deseja. Acho isso profundo, embora nem sempre a considere nobre – quando uma lágrima rola, as expectativas da alma se tornam evidentes e logo se percebe do que o espírito padece. Em nosso tempo, isso pode representar desde a perda de um ente querido até ao título do campeonato que não veio; do problema de saúde insolúvel a roupa preferida que por um acidente se rasgou, e por aí vai...
As lágrimas são despejadas de dentro de nós, vertidas pelas janelas da alma, e carregadas de tudo o que delas provém, via de regra a dor; as lágrimas mostram o quão grande é nossa alma, ou quão pequena. São denúncia pública de quem eu sou e o que penso – e mesmo a ausência delas falam por si só – nosso rosto denuncia e reclama pela falta das lágrimas: das boas - denúncia expressa na frieza que caracteriza os rostos secos, sem vida, sem esperança. Sim, esperança, porque lágrimas também podem ser um pedido de milagre, como se fossem carta escrita a alguma coisa que detivesse em si mesmo o poder de alterar a realidade.
- E por falar nisso, onde andam as suas?
Antes que a intromissão na sua privacidade lhe pareça um insulto, não carece que responda, mas gostaria de apresentar-lhe as minhas: copiosas, fáceis de se achar, às vezes na dor e nem sempre nobres, mas, essencialmente retratos da minha alma. De algumas eu sinto falta, de outras não.
Lendo o salmo 126, percebo o quanto Deus dá valor às nossas lágrimas - mesmo que não precise delas para nos conhecer – é possível perceber que a alma do salmista desejava algo mais do que o retorno a terra prometida, havia um desejo maior, que era o desejo da presença de Deus e da Sua aliança.
Ah, essas sim. São as lágrimas do milagre, que tocam o coração de Deus e desnudam a alma sequiosa, alma seca, que semeia em meio aos prantos na esperança de que os olhos reguem as sementes. Perdoem-me, mas há certas coisas as quais, creio, que Deus não resiste.
Em Ap. 5:4, João relata em sua visão que: “chorava muito, por não ter sido achado ninguém digno de tomar o livro, nem mesmo de olhar para ele”. Suas lágrimas denotam o profundo sentimento de tristeza, na antevisão de que o mundo ou ele mesmo fosse privado do que sua alma mais desejava. O texto segue, numa afirmação esplendorosa, de que os vinte e quatro anciãos apresentaram ao Cordeiro taças cheias de incenso, que são as orações dos santos.
Afinal, quantas lágrimas de esperança temos chorado? Será que as temos derramado em fé, e seu cálice tem sido achado à mesa de Deus, para que de nós Ele se lembre, e mude a nossa sorte? Temos chorado pela nossa família? Pela nossa igreja e pelo Reino?
Estou certo que a falta de lágrimas afeta também nossa visão espiritual, impedindo que a nossa visão seja clara e definida, a falta delas traz a irritação da secura e favorece que os olhos, por conforto, permaneçam fechados e assim, como se pode caminhar?
Seria bom que elas viessem de muitos olhos, de muitas almas, quem sabe não poderíamos derramá-las juntos? E Deus nos vendo assim, faça o que faz tão bem, favorecendo a nossa colheita?
Por fim, em Ap. 21:4 diz o texto: “E lhes enxugará dos olhos toda lágrima, e a morte já não existirá, já não haverá luto, nem pranto, nem dor, porque as primeiras coisas passaram.”
Aqui cabe uma confidência: que Deus me perdoe, mas acho que sentirei falta de algumas daquelas da esperança, as boas lágrimas que derramei na presença de Deus em oração e adoração. A minha inquietude me trará a certeza que ainda foram poucas, e a curiosidade me fará pensar no que poderá ser tão bom a ponto de Deus prometer secá-las.
Enquanto isso, Senhor, peço que lembre-te de nós, da Tua misericórdia, e restaura o Teu povo. Seca nossos olhos das lágrimas da dor e das lágrimas vazias, mas permita aquelas que surgirão quando fizerdes de nós almas que anelam pela Tua presença e pela Tua aliança mais e mais a cada dia. E que surjam no trânsito, nas ruas, nas casas e nos cultos; não nos envergonharemos delas. São minúsculos jorros do rio de vida, vindo de Ti mesmo, que fluem em nós.
E aqui, Pai, vai mais uma.
Milton Furtado, membro da IPI Central de Brasília,
e vocalista da Banda SUPERNOVAVIDA (www.supernovavida.com.br).

19 novembro 2006

Prova de fé

O mundo não era digno deles!
Hebreus 11. 38

O que prova a fé de alguém? Se fizéssemos essa pergunta às igrejas de nossos dias teríamos, certamente, respostas as mais diversas. Na enorme diversidade das igrejas dos nossos dias, encontraríamos pessoas que, firmadas em suas diferentes crenças, definiram provas diferentes da fé dos cristãos.
A programação televisa cristã, especialmente forte aos sábados pela manhã, dá prova disso. São igrejas de matizes e teologias distintas defendendo conceitos absolutamente diferentes uns dos outros do que seja a fé e de como ela se prova.
Estava pensando nisso hoje ao refletir sobre o conhecido texto de Hebreus 11. Aquela galeria de homens dos quais o mundo não era digno. Ao ler essa lista de pessoas que descobriram que a fé é a certeza de que vamos receber as coisas que esperamos e a prova de que existem coisas que não podemos ver (Hb. 11. 1) e que, descobrindo essa fé, acharam a salvação, me perguntei que provas elas obtiveram de sua fé. E que resultados visíveis elas tiveram.
Comecei a me questionar isso porque, a julgar pelo que pregam alguns hoje em dia, a fé se traduz em resultados visíveis, sempre. É uma cura, uma libertação, a prosperidade material. A fé se manifesta quando eu deixo de ser o caso perdido que eu era e encontro uma saída. A fé, nessa teologia, precisa de prova.
Não precisamos olhar com atenção aprofundada o texto para descobrir que essas idéias não se sustentam. A fé diz respeito a saber da existência de coisas que não podem ser vistas ou tocadas. Fundamentalmente é isso. É viver como quem vê um Deus que é invisível, como quem vive uma salvação que é improvável, como quem experimenta uma qualidade de vida impossível.
Boa parte de nossa geração de cristãos busca sinais. Busca resultados. Busca uma prova de fé. Milagres acontecem em resposta a nossa fé, mas a fé não é uma chave automática para milagres. A vontade de Deus é. Sua Glória e Sua Majestade são. Os milagres acontecem para honrar a Deus e não a nossa fé.
E eles acontecem. É só olhar a primeira parte do capítulo 11 de Hebreus para ver isso com clareza. Ou olhar para a minha e a sua vida. Temos muitos milagres para partilhar. Pela fé eles lutaram contra nações inteiras e venceram. Fizeram o que era correto e receberam o que Deus lhes havia prometido. Fecharam a boca de leões, apagaram incêndios terríveis e escaparam de serem mortos à espada. Eram fracos, mas se tornaram fortes. Foram poderosos na guerra e venceram exércitos estrangeiros. Pela fé mulheres receberam de volta os seus mortos, que ressuscitaram (Hb. 11. 32 – 35).
O equívoco está em acreditar que milagres são as únicas conseqüências possíveis para a fé. O mesmo texto aponta o equívoco. Enquanto alguns foram libertados e viram tremendos milagres, outros foram torturados até a morte; eles recusaram ser postos em liberdade a fim de ressuscitar para uma vida melhor. Alguns foram insultados e surrados; e outros, acorrentados e jogados na cadeia. Outros foram mortos a pedradas; outros serrados pelo meio; e outros, mortos à espada. Andaram de um lado para outro vestidos de peles de ovelhas e de cabras; eram pobres, perseguidos e maltratados. Andaram como refugiados pelos desertos e montes, vivendo em cavernas e em buracos na terra. O mundo não era digno deles! (Hb. 11. 35 – 38). A história da igreja e do testemunho de Cristo nos diz que na maior parte das vezes a fidelidade ao Senhor teve como resultado, não o milagre e a libertação do crente, mas a tortura, o sofrimento, a perseguição e a morte.
Jesus venceu, não descendo da cruz, mas morrendo na cruz. Por isso, eu penso que é muito fácil para mim afirmar a minha fé quando eu estou com minhas dívidas pagas em dia ou quando eu passo em um concurso da Petrobras, ou quando recebo o milagre de uma cura e, por isso, agradeço, feliz, ao meu Deus. Mas sei que minha fé seria, de verdade, provada, se uma arma fosse posta em minha cabeça sob a ameaça de morte, caso não renegue a minha fé em Jesus. Ou quando eu fosse desafiado a crer, ainda que não tivesse um teto ou comida para comer. Enquanto estava no Rio vi uma fé dessas: um homem se preparava para dormir sob uma marquise da avenida Presidente Vargas, lendo sua Bíblia apoiado na luz de uma agência bancária. Essa é a verdadeira prova de fé, pela qual ainda não passei.

11 novembro 2006

Crer e observar

Crer e observar
“Não confiaram nele, nem lhe obedeceram...”
(Deuteronômio 9.23).

O hino 439 dos Salmos e Hinos tem o seguinte refrão: “Crer e observar/ tudo quanto ordenar/ o fiel obedece/ ao que Cristo mandar”. Esta é a versão para o português, feita pelo Rev. Salomão Luís Ginsburg, do hino originalmente escrito em inglês “trust and obey” (confiar e obedecer).
Este é um dos muitos hinos que trago na memória! Cresci ouvindo minha mãe cantarolar este e outros hinos durante as lides domésticas. Muitas vezes sou surpreendido cantarolando ou apenas assoviando alguns destes hinos que fazem parte da minha história de fé.
O hino “crer e observar” em particular, traz-nos uma explanação simples e clara para a vida cristã. A expressão “confiar e obedecer” foi usada em uma reunião de testemunhos, logo depois de uma cruzada evangelística realizada pelo evangelista Dwight Moody, em Brockton, Massachusetts.
Um jovem levantou-se para dar seu testemunho, e foi logo deixando claro que conhecia muito pouco das doutrinas cristãs. Ele então terminou seu testemunho com esta pérola: “eu não sei muito ainda – mas decidi confiar, e decidi obedecer”.
Daniel Towner, que estava naquela reunião, ouvindo aquele testemunho, foi inspirado a escrever a letra do hino e, mais tarde, a apresentou a John Sammis, que trabalhou na melodia.
O verso de Deuteronômio no início dessa meditação é uma exortação direta e firme do Senhor, através de Moisés, aos filhos de Israel. Ele diz: “Mas vocês se rebelaram contra a ordem do Senhor, o seu Deus. Não confiaram nele, nem lhe obedeceram. Vocês têm sido rebeldes contra o Senhor desde que os conheço”.
A falha em confiar e obedecer está na raiz de todo comportamento pecaminoso, assim como a prática de confiar e obedecer está na raiz de toda vida de santidade.
Que hoje possamos, todos nós, renovar o nosso propósito de confiar e obedecer (crer e observar) em Jesus e na Sua Palavra!
Que o Senhor nos abençoe!

Rev. Ézio Lima

10 novembro 2006

Dia do Senhor, Dia de Celebração!


Muitos questionamentos se reportam ao uso correto do Dia do Senhor, e inúmeros cristãos mostram-se confusos a respeito deste assunto. Perante tais indagações faz-se necessário considerar alguns fatores relevantes para a compreensão desse tema. Primeiramente, o termo tb;v' (shābāt) na Bíblia não significa “sábado”, um dia da semana, mas um dia de descanso do trabalho. No Antigo Testamento o ano iniciava-se em um dia de “sabbath”, conforme Lv 23.4-16. Assim, o calendário tinha de ser ajustado regularmente para acrescentar ao ano “sabbaths” extras, em virtude das datas fixas (Ex 12.1-28; Lv 23.15). Somente depois do ajuste definitivo do calendário judaico, em 359 d.C, que os “sabbaths” dos judeus passaram a cair sempre no dia que agora denominamos de “sábado”. Portanto, é um erro identificar “sabbath” com o dia de sábado. Durante toda a história da igreja, o domingo tem sido observado como o “sabbath” dos cristãos. Foi no primeiro dia da semana que Cristo ressuscitou dentre os mortos (Jo 20.1-18), apareceu aos discípulos (Jo 20.19,26) e derramou o seu Espírito no Pentecostes, celebrado no primeiro dia da semana (At 2.1). Os apóstolos distinguiam o este dia como um dia especial para a reunião e celebração do povo de Deus (At. 20.7). Assim, a Igreja Cristã, por unanimidade, escolheu o domingo como o dia reservado para o culto dos cristãos que se reúnem a fim de dar graças e reencontrar-se com a alegria, a paz e o poder necessário à sua missão no mundo. Quem por alguma razão não pode observar o dia de domingo, pode escolher outro dia. O importante é ter um dia em sete, reservado para o descanso e santificação a Deus. O Dia do Senhor não deve ser observado com ociosidade, não é um momento de inatividade onde permitimos que lixos televisivos adentrem nossos lares, ou de mero lazer e sono. O Dia do Senhor deve ser um tempo de reflexão, consagração, renovação de propósitos e, principalmente, um dia de adoração a Deus. Celebrar o Dia do Senhor é, portanto, reconhecer seu senhorio não apenas sobre um determinado dia, mas depositar em suas mãos todos os dias da semana. Viver o dia de descanso sem exaltar a Deus é fazer do mesmo um dia comum. O Dia do Senhor sem devoção e piedade, sem consagração, oração e adoração perde seu significado e santidade. “Este é o dia que o Senhor fez; regozijemo-nos e alegremo-nos nele.” (Sl. 118:24).

Sonia Carniato Gonçalves
Bacharel em Teologia pelo Seminário Presbiteriano de Goiania,
e membro da Primeira Igreja Presbiteriana Independente do DF.

09 novembro 2006

Creio em Avivamentos


Minha confissão: creio em avivamentos. Creio que Deus se manifesta com sua presença incomum em tempos de escassez e crise. Creio que o Espírito Santo pode fazer triunfar os que antes caminhavam em derrota. Creio que uma igreja fadigada e em declínio pode viver momentos de profunda renovação. Creio que pastores num processo de desistência podem ser novamente restaurados para um ministério frutífero. Creio que crentes desanimados e descomprometidos podem ser abruptamente tomados por consciência e reconhecimento de pecados. Creio que podem viver experiências espirituais que mudem radical e irreversivelmente suas concepções sobre a vida espiritual. Creio que um crente renovado, um pastor inflamado pela presença e poder do Espírito e uma igreja avivada, podem “perturbar” uma cidade. Creio em despertamentos. Creio que se Deus tem algo a realizar na terra usará seu povo. Se usará seu povo, tratará com ele. E o levará a se humilhar no pó, a orar com lágrimas, a buscar sua face e não suas mãos, a reconhecer seus caminhos tortuosos e fazer “caminhos retos para os pés...” (Hb. 12.13). Creio que o avivamento incendiará a igreja, e a igreja será instrumento para despertar o bairro, a cidade e a nação. Mas, por que afirmo minha crença em avivamentos? Porque os saduceus modernos continuam à espreita. Porque existem aqueles que não crêem na ressurreição. Ressurreição é avivamento. Existem os que zombam dos que partilham de uma expectativa de que o estado de apatia mórbida pode ser, por obra da graça, revertido em vida. Robert Coleman diz que a palavra avivamento “no Novo Testamento significa ressuscitar”. Assim como Cristo morreu e ressurgiu (Rm. 14.9); e o filho mais moço do pai amoroso “estava morto e reviveu” (Lc. 15. 24 e 32). Afirmo minha crença em avivamentos porque “os saduceus, que dizem não haver ressurreição” (Mc. 12. 18) querem ofuscar o brilho da expectativa e confundir a firmeza dessa esperança. É afirmar em repetição a declaração do Senhor: “Ora, ele não é Deus de mortos, e sim de vivos” (Mc. 12. 27). Creio no Deus dos avivamentos.

por Rev. Jean Douglas Gonçalves

31 outubro 2006

DIA DA REFORMA

En el Día de la Reforma, recordamos este Afirmación de fe elaborada por Martín Lutero



Creo en Dios que me ha creado a mi y a todas las criaturas, que me ha dado y sostiene mi cuerpo con todos sus miembros y mi espíritu con todas sus facultades que me provee abundante y diariamente el alimento, vestido y habitación y todo lo necesario para la vida.

Que me ampara contra todo peligro y me protege y guarda de todo mal y todo esto lo hace sin ningún merito o dignidad de mi parte, por su pura bondad y su divina misericordia, esto es ciertamente la verdad.

Creo en Jesucristo, verdadero Dios y verdadero Hombre, es mi Señor. Me ha redimido, a mi, perdido y condenado, liberándome del pecado, de la muerte y del poder del maligno, no con oro o con plata, sino por su sangre y sus sufrimientos y por su muerte inocente, para que le pertenezca para siempre y viva una vida nueva como El mismo, que resucitado de entre los muertos, vive y reina eternamente. Esto es ciertamente la verdad.

Creo que el Espíritu Santo me llama por el Evangelio, me ilumina con sus dones y me santifica, que me mantiene en la verdadera fe, en la Iglesia que El congrega de día en día. Es El también quien perdona plenamente mis pecados, así como a todos los creyentes. Es El quien en el postrer día me resucitará de entre los muertos y me dará, con todos los fieles en Cristo, la vida Eterna. Esto es ciertamente la verdad.



Credo/afirmación de Fe que Martín Lutero escribiera a propósito del Catecismo Mayor

26 outubro 2006

Este dia no Senhor!!!

Este é o dia que o Senhor fez; regozijemo-nos, e alegremo-nos nele.
Salmo 118.24
A Palavra nos diz que o dia de hoje fora feito pelo Senhor, e nos convida a vivê-lo com alegria. Gosto muito disto! E gosto por vários fatores! Um deles é o saber que cada dia é feito pessoalmente pelo Senhor. Como é bom e seguro saber que meus dias não são obra do "acaso", nem frutos de um "caos" ou do "nada". Não, meu dia tem nome, identidade, etiqueta de fabricação: "obra do Deus Criador. Válido por 24 horas".
Posso afirmar então que me sinto bem! Sei que este dia de vida é fruto do amor misericordioso do Pai, o qual se renova a cada manhã (Lamentações 3.22-23). Por isto, sinto-me seguro! Sim, em paz, descansado, tranqüilo, pois sei em quem esperar o meu amanha, na certeza de que Ele é poderoso para fazer infinitamente mais do que tudo que penso ou desejo (Efésios 3.20).

Aliás, isto é tão claro! O novo dia é tão cheio de possibilidades, das quais muitas nem mesmo havia imaginado na oração do turno da noite. Por isto, devo alegrar meu coração neste dia! Ele é único! Ele é cheio de possibilidades! Ele é cheio de vida! Ele é cheio da presença criadora do próprio Deus!!!
Assim sendo, penso uma última coisa: como poderei ficar triste num dia tão perfeito! Perfeito para viver novas experiências com as pessoas que estão ao meu redor, dentre elas o serviço ao próximo! Perfeito para amar e ser amado! Perfeito para viver novas experiências com o meu Senhor Jesus Cristo, e assim conhecer e viver a vontade de Deus, pois este dia é resultado desta vontade a qual é Boa, Agradável, e Perfeita, ou seja, um dia simplesmente perfeito!
Desta forma não tenho outra palavra ou oração que não sejam as palavras que exaltem e louvem ao Senhor por ser Ele a minha porção diária de alegria (Salmos 43.4; 45.7). A alegria do Senhor é a nossa força (Neemias 8.10). Não tenho outro desejo que não seja o mesmo do salmista: " Sejam agradáveis as palavras da minha boca e a meditação do meu coração perante a tua face, Senhor, Rocha minha e Redentor meu!" (Salmo 19.14) . Portanto, alegre-se! Este é o dia que o Senhor Deus fez!!! Alegre-se nele(Salmo 59.16 e Salmo 100.2).

Cleber Batista Gouveia.
Pastor auxiliar da Primeira IPI do Distrito Federal (http://www.ipidf.org.br/)
e Capelão do Colégio Cedecap, em Taguatinga, DF.

18 outubro 2006

Tributo a um amigo

Ontem recebi uma notícia que me abalou muito... Fiquei sabendo que um grande amigo da minha adolescência tinha sido encontrado morto numa rua da cidade de Goiânia. A causa da morte é até agora desconhecida. O nome dele era Liciomar Quintino de Oliveira. Ele brincava que faria sucesso no mundo da moda e seria chamado de Lici Quinti Oliverrá... Chorei ontem pelo meu amigo que Deus levou... A dor ficou maior pelo fato de que há muito tempo eu não sabia o paradeiro dele... e só fiquei sabendo nestas circunstâncias! Lembrei-me de uma poesia, e ela serviu de liçao pra mim ontem: "Dê-me flores quando eu possa sentir o seu perfume"... Infelizmente a correria da vida faz com que a gente perca a dimensão da importância das pessoas na nossa vida... até que a morte no surpreende... e a gente se faz um monte de perguntas: "Por que eu nao cuidei?" "Por que eu nao amei?" "Por que eu nao estive mais presente?"! Bom, mas aí é tarde... tarde demais...
Queria ter te dado um abraço, meu amigo...
Fica a saudade... ficam as lembranças... e fica também a lição!

Rev. Ézio Lima

16 outubro 2006

Divagações de uma Alma sobrevivente...



"...e TUDO o que pedirdes na oração, CRENDO, recebereis."
Mateus 21.22


Eu acho interessante este versículo. Nele estão contidas palavras do próprio Senhor Jesus, e nelas, promessa de uma oração respondida. Sempre fico pensando a respeito desta promessa. Nela, o Senhor Jesus, Deus conosco, afirma que tudo o que pedirmos, será recebido se com fé orarmos. O engraçado, para não dizer trágico, é que muitos de nós têm a mania de querer tirar a autoridade do próprio Senhor, ao tentar dizer que não é bem assim "tudo", mas sim "tudo" o que Deus o quiser fazer. Claro, eu tenho certeza de que Deus é maior do que nós, portanto, se Ele desejar não atender o nosso "tudo", teremos o Seu "tudo", que já nos bastaria. Con-"tudo", o que o Senhor Jesus diz é: "e TUDO o que pedirdes na oração, CRENDO, recebereis".
Sabe, às vezes pego-me a pensar sobre este texto, e minhas conclusões não são tão claras para mim mesmo. Fico entre o conflito existente entre o texto e a minha fé. Do texto com o contexto em que vivo, onde nem "tudo" pedido é recebido. Muitas vezes tenho aceitado a realidade do "tudo" não respondido, entretanto, não a quero mais. Quero crer de que a minha fé, mesmo sendo do tamanho de um grão de mostarda, a mim fará ser recebedor do "tudo" colocado diante do Senhor.
Hoje creio que não recebemos o "tudo" pedido por não termos orado "crendo". Pois a fé agrada a Deus, e quando vivemos com fé estamos tendo um coração que se agrada dEle, pois, só vive pela fé o que se agrada desta vontade de Deus pra sua vida: o viver pela fé. Assim, chegou ao texto do Salmo onde o homem de Deus diz: "Deleita-te também no Senhor, e ele te concederá o que deseja o teu coração" (Salmo 37.4). E onde está o tudo que pedimos a Deus crendo? Dentro de um coração que se agrada dEle e Nele, pois, somente um coração que se agrada pede com fé, crendo, e recebe do Senhor "tudo" que o seu coração tenha pedido.
A poucos dias falei sobre isto com o Rev. Jean Douglas em uma de nossas conversas semanais sobre a Igreja. Disse a ele que muitas vezes pedimos a Deus coisas, mas nosso coração fica entre o querer e o duvidar, e assim, vivemos a frustração diária e contínua do pedir e não receber, pois a fé não convive com o ânimo dobre, com a desconfiança. A dúvida poderá até ser uma benção quando esta provar a fé e a fizer mais forte. Contudo, quando tentamos fazê-las, fé e dúvida, conviverem juntas, perdemos a possibilidade do pedir "tudo" e receber.
Da mesma forma é quando nosso pedido é feito pela carne. Tiago diz: "Pedis e não recebeis, porque pedis mal, para o gastardes em vossos deleites."(Tiago 4.3). Em Romanos 8.8 Paulo diz: "...os que estão na carne não podem agrada a Deus". E ai mais um motivo pelo qual não recebemos o que pedimos: porque pedimos na carne, e a carne não cogita das coisas do Espírito. Não veja aqui o pedir na carne como sendo o pedir a provisão de algo material, pois tudo fora feito por Ele e para Ele, então, o pedir na carne significa pedir para nós sem nenhuma relação com a vontade de Deus, e assim, em nada nos leva ao louvor, glorificação, exaltação e gozo no Senhor. Mas o coração que se compraz em Deus, este recebe "tudo" o que pede.
Quero, porém, deixar claro não estar defendendo aqui a teologia do "Deus é refém de nosso pedidos". Aliás, não fui o autor de tal afirmação contida no texto de Mateus 21.22 . Fora o Senhor Jesus, o Deus conosco. Sei que este Pai que não nos dá pedra quando pedimos pão (Mateus 7.7-11), é o mesmo que trabalha o nosso coração, e assim, tenho que crer ser este um coração pronto a ser recebedor de "tudo" o que pede, sem reclamar, no tempo de Deus, pois nEle confia e espera (Salmo 37).
Assim sendo, fico com a Palavra do meu Deus comigo, Jesus Cristo, o qual tem toda autoridade nos céus e na terra, pelo nome do qual peço meu tudo ao Pai. Fico, portanto, com a sua afirmação, e desejo receber o "tudo" de Deus para minha vida. Desejo ter uma coração que se agrada do Senhor. Desejo responder positivamente ao pedido de meu Pai, e dar-lhe um coração que se deleita em seus caminhos. Desta forma, creio eu, viverei a realidade do que pede e recebe o "tudo" pedido em suas orações.

No amor de Deus Pai em Seu filho Jesus Cristo,
Cleber B. Gouveia, pr.
Pastor Auxiliar na Primeira IPI do DF (www.ipidf.org.br)
e Capelão do Colégio CEDECAP

03 outubro 2006

Deus sabe que sofremos? Eu creio que sim...



Porque a sua ira dura só um momento; no seu favor está a vida. O CHORO pode durar uma noite; pela manhã, porém, vem o cântico de júbilo." Salmo 30.5 "...Porque o Cordeiro que está no meio, diante do trono, os apascentará e os conduzirá às fontes das águas da vida; e Deus lhes ENXUGARÁ dos olhos toda lágrima [...]Ele ENXUGARÁ de seus olhos toda lágrima; e não haverá mais morte, nem haverá mais pranto, nem lamento, nem dor; porque já as primeiras coisas são passadas." Apocalipse 7.17 e 21.4

Estou neste momento com o coração apertado, em uma situação não muito fácil. Acabo de chegar em minha sala pastoral após ler a síntese da vida e destino de alguns passageiros que perderam a vida no acidente do Boing da Gol, no último fim de semana. Li que esposos perderam esposas e filhos, ainda crianças, de no máximo 5 anos. Li que netos tiveram a espera pelo avô frustrada, e outros, carreiras prematuras interrompidas. Li ainda que um destes tivera a "sorte" na hora errada, pois havia estado em Manaus por ter sido escolhido para uma conferencia da empresa que poucos têm a sorte de estar. Um deles, sobre o qual li de forma mais detalhada nas palavras de sua esposa, fazia o que amava, era antropólogo e desejava viver entre os índios, e voltava para quem amava, esposa e filha. Aliás, nesta história, pude ver a imagem do desespero de uma esposa que deve estar se repetindo no rosto de outras mães, filhos e filhas, esposos, netos, namoradas, amigos, de todos nós. Dela li também a pergunta: "Se Deus existe, porque deixou que isto acontecesse conosco?", e lembrei-me de uma pergunta de C. S. Lewis em um filme biográfico sobre este escritor cristão: "Se nós quando amamos, choramos quando alguém que amamos sofre, porque Deus não?".
Creio que fui fiel às duas perguntas, e sinto-me incapaz de respondê-las. Sei que posso vir a parecer insensível neste momento diante da dor de tantos que perdem seus entes queridos, mas saiba, não estou. Contudo, sei também que Deus não está insensível ao nosso sofrimento. Aliás, Ele sentiu nossa dor de forma tão profunda que se fez um de nós a fim de livrar-nos dela de uma vez por todas. Seu sofrimento e morte demonstraram isto. Por isto sei onde Ele está neste momento, e sei que deseja enxugar nossas lágrimas, as lágrimas daquela esposa, daquele esposo, daquela filha, daquele filho, dos que choram hoje a perda de seus entes queridos.
Não quero ser visto como um irresponsável que simplifica a dor dos que a sentem. Eu sei o que é sentir dor. Pouco mais de um ano atrás perdi em menos de dois meses duas pessoas as quais amava muito. a Primeira fora minha avó, que num surto depressivo tirou a própria vida. Em seguida, minha irmã ficou viúva com 25 anos, e três filhos. Perdi um cunhado que era como um irmão. Ainda hoje sinto falta de sua pessoa, e pergunto a Deus como seria se ele estivesse entre nós. Contudo, não posso negar aqui que Deus não tenha sentido conosco. Ele não somente sentiu, como nos consolou. Não me posso negar o direito de dizer aquilo que Ele fez por mim e por minha irmã, que O conheceu como Deus Consolador em sua vida. Sei que muitas coisas ainda precisam ser cuidadas, tratadas, curadas, mas vejo a boa mão do Senhor sobre nossas vidas.
Sabe, Deus existe, e Ele não é indiferente para com nossa dor. Nós que somos muitas vezes indiferentes para com o Seu Consolo. Mas graças a Ele que nos sustenta, e faz-se presente mesmo quando não nos apercebemos e muitas vezes nos fechamos para seu toque de cura. Sei que outros fatos como estes acontecerão. Após a queda do Boing da Gol outra aeronave de menor porte explodiu no ar e matou três pessoas. Não se fala tanto destes que também morreram. Na verdade, outros acidentes acontecem em todo mundo, a todo instante. Outras vidas e histórias estão sendo ceifadas pelo mundo afora por muitos motivos como o desemprego, as drogas, a bebida, a violência gratuita, a maldade do coração humano. Infelizmente o pecado nos privou da alegria da vida sem sofrimento, e nós não sabemos ainda, e penso que não compreenderemos, do por quê do nosso sofrimento, pessoal e de toda humanidade. C. S. Lewis tentou uma resposta, e disse ser o sofrimento o megafone de Deus, pelo qual nos faz voltar para Ele, e atentarmos ao Seu falar. Contudo, entendo ouvir, em meio a tanta calamidade e sofrimento, Deus nos dizer que Ele sabe de nossa dor, e que desceu a fim de livrar-nos dela. Que para ela tem uma única resposta e consolo: Jesus Cristo.
Volto-me agora para as histórias que me levaram a escrever tudo isto. Lembro-me da esposa que pela filha é consolada em seu choro. Sinto-me incapaz diante de tal situação. Então, volto-me para o alto, e clamo a Deus! Sei que Ele é o único suficientemente capaz de entendê-los em seu sofrer, e ainda mais o único suficientemente capaz de consolar os que choram. Fecho meus olhos e contemplo os novos céus e a nova terra, na qual não haverá mais choro, pois o sofrimento não será mais possível. Lembro-me do salmista e de seu testemunho: "na presença de Deus há plenitude de alegria", então desejo que ela seja sentida por todos que agora sofrem e choram a dor da perda. Então, volto-me para Ele e oro: "Pai, em nome do Teu Filho Jesus, Senhor de todo consolo, toca-os agora com Teu Espírito, e enxugue suas lágrimas, assim como as minhas também, amém!"

Cleber B. Gouveia, pr.

29 setembro 2006

O BRASIL NAS MÃOS DE DEUS!


O BRASIL NAS MÃOS DE DEUS!
“Por esta razão dobro os meus joelhos perante o Pai”
Efésios 3.14


O Centro de Divulgação das Eleições, agência do TSE (Tribunal Superior Eleitoral) responsável por incentivar os eleitores brasileiros a comparecerem aos 91.037 locais de votação, criou um slogan interessante para o pleito eleitoral deste ano: “Pense e vote! Vota Brasil! O Brasil está em suas mãos”.
Com esta chamada, o TSE pretende convencer que 125.913.479 eleitores, presentes nos 5.565 municípios e em 93 países, compareçam às urnas para eleger entre 8 candidatos à Presidência da República, 214 candidatos ao governo dos Estados, 235 candidatos ao Senado, 5.421 candidatos à Câmara Federal e 13.197 candidatos às Câmaras Legislativas/Distritais, aqueles que devem governar (e legislar) o Brasil.
Que é fundamental para a democracia que o eleitor cumpra o seu direito e dever de votar, não há como negar! Precisamos, contudo, não apenas votar, mas fazê-lo com consciência e com o zelo que a responsabilidade exige!
Ainda que o voto seja importante, é um crasso erro considerar que o direito de votar dá-nos o poder de declarar que o futuro do país está em nossas mãos! Estou certo de que não apenas o nosso país, mas o mundo e, em particular, as nossas vidas, sofrem tantas mazelas justamente porque confiamos demasiadamente em nossas mãos! Se a nossa vida não começar em Deus, estamos fadados ao fracasso! Se as decisões concernentes à nossa Nação não começarem em Deus, colheremos as tempestades dos ventos que semeamos.
Não apenas neste dia de eleição, mas diariamente somos chamados a colocarmo-nos de joelhos e clamar para que o Brasil esteja nas mãos de Deus! “Venha o Teu Reino!” (Lucas 11.2) deve ser o nosso clamor! “Oh! Se fendesses os céus e descesses!” (Isaías 64.1), deve ser nossa intercessão diária!
Colocar-se de joelhos é um sinal de submissão. Paulo expressou-se dessa maneira porque sabia que suas mãos não poderiam promover aquilo que somente Deus pode fazer. Paulo sabia que a submissão à vontade de Deus é sempre a primeira opção. Que a oração não é a porta de emergência, (aquela que só vemos quando não há outra saída), mas a porta de entrada para o verdadeiro êxito!
Colocar-se de joelho é expressão de dependência total e irrestrita. É abrir-se para ação de Deus. É submeter-se a decisão soberana de Deus, que às vezes não muda às circunstâncias, mas altera as nossas intenções. Orar, assim, é sempre mudar! E à medida que descobrimos que temos muito para tratar dentro de nós mesmos –que as mudanças começam em nós!–, seremos motivados a aproximarmo-nos de Deus em oração, pois o faremos como reconhecimento de que pela nossa própria força não seremos capazes de lidar com as marcas do pecado em nossa vida. E sem lidarmos com pecado em nossa vida, a restauração que Deus quer fazer em nós, em nossa família, em nossa igreja, em nosso País... fica comprometida.
Por esta causa me ponho de joelhos...; e convido você também a começar (ou continuar) a gozar do privilégio da prática da disciplina dos joelhos dobrados em oração!
Soli Deo Gloria

Rev. Ézio Martins de Lima

28 setembro 2006

Distraído por estar muito ocupado...

Comecei a ler Henri Nouwen por acidente... Um dos seus livros caiu em minhas mãos quase que sem querer! Contudo, não foi por acidente que aprendi a sorver dos seus ensinos princípios que muito têm me auxiliado no ministério pastoral. Deixo aqui no Blog um trecho que chamou a minha atenção...
"(...) Em uma sociedade na qual o entretenimento e a distração são preocupações tão importantes, os ministros também são tentados a se juntar aos que consideram tarefa primordial manter os outros ocupados (...)
Contudo nossa tarefa é o contrário da distração. É ajudar as pessoas a se concentrar no acontecimento real, mas muitas vezes oculto, da presença ativa de Deus em suas vidas. Por isso, a questão que precisa guiar toda atividade organizadora na paróquia não é como manter as pessoas ocupadas, mas como impedí-las de ficar tão ocupadas a ponto de não mais ouvir a voz de Deus que fala em silêncio." (Nouwen, Henri. A Espiritualidade do deserto e o ministério contemporâneo, p. 56).

Rev. Ézio Martins de Lima

22 setembro 2006

Da fraqueza tiraram força


Outro dia ouvi um “teleevangelista” ensinando sua platéia a se afastarem dos fracos. Seu argumento era lógico: “Os fracos atraem o fracasso”. Pelo menos essa é lógica do mundo. Não deveria valer para os seguidores de Cristo, porém, não é isso que ouço e vejo. O autor aos Hebreus diz que os grandes heróis da fé foram homens e mulheres que da “fraqueza tiraram força” (11:34).
Nos últimos dias me sinto confortado pelo chamamento de Gideão. Um homem em fuga. Dentro do lagar, mas malhando o trigo. O Anjo o vê e lhe diz: “O Senhor é contigo, homem valente” (Juízes 6:11-12). Gideão está amedrontado, mas Deus vê força na fraqueza. Deus sente-se atraído pelo fraco.
Lembro-me de Davi. Rapaz sem expressão até para os de casa. Talvez devesse dizer, principalmente para os de casa. Ninguém o escolheria. Senão fosse pela intervenção divina, nem mesmo o sábio Samuel, que por um instante vacilou entre a aparência e a essência. Nem Davi acredita no que Deus fez com tamanha fraqueza em forma de gente: “Quem sou eu, Senhor Deus, e qual é a minha casa, para que me tenhas trazido até aqui?” (2 Samuel 7:18). Deus sente-se atraído pelo fraco.
Que dizer de Jeremias? O profeta parece espantado diante de seu chamado. Sente-se como uma criança afugentada. Mas como Deus o vê? “Eis que te ponho por cidade fortificada, por coluna de ferro e por muro de bronze...” (Jeremias 1:18). Deus sente-se atraído pelo fraco.
O Evangelho se despe da nossa coerência. Jesus proclama no sermão do monte que é uma grande benção nada possuir. Felizes os fracos. Felizes os que choram, os pobres, os humildes, os mansos, os perseguidos... Jesus sentiu-se atraído por gente fraca. Fez passar o seu caminho entre leprosos, cegos, coxos, prostitutas, viúvas, rejeitados, desprezados. Caminhou e viveu entre os fracos.
E os apóstolos? A ilustração viva da força da fraqueza. O que dizer de “homens iletrados e incultos” (Atos 4:13)? Simplesmente que incomodaram o mundo e suas estruturas injustas (Atos 17:6). Evidentemente, que entre os apóstolos, destaca-se Paulo. Alguém que se considerava o “menor dos apóstolos” (1 Coríntios 15:9), indigno e o principal dos pecadores (1 Timóteo 1:15). Mas que viu o florescimento do evangelho na Galácia, por causa da fraqueza de uma enfermidade física (Gálatas 4:13). Talvez por esta e outras experiências entende que “quando sou fraco, então é que sou forte” (2 Coríntios 12:10).
A História da Igreja reserva alguns bons exemplos da força que há na fraqueza. O de Charles Haddon Spurgeon é fenomenal. O príncipe dos pregadores era na verdade um frágil vaso de barro. A igreja que Spurgeon pastoreava em Londres, Tabernáculo Metropolitano, reunia multidões. E sobre a grandeza de seu ministério Spurgeon dizia: “Meu sucesso me assustava; e a idéia da carreira que parecia abrir-se diante de mim, longe de me ensoberbecer, lançava-me nos mais profundo abismo. Quem eu era para continuar como líder de tão grande multidão? Eu queria retornar para minha obscuridade no interior, emigrar para a América e encontrar um ninho solitário na floresta, onde pudesse ser suficiente para as coisas exigidas de mim.” O príncipe dos pregadores tinha consciência clara de sua fraqueza e conta como se sentia oprimido por ocasiões periódicas de depressão.
Por isso decidi não me afastar dos fracos. Decidi continuar comigo. Quero estar mais próximo daqueles que conseguem chorar suas limitações. Que se sentem inaptos para os grandes propósitos divinos. Decidi que não quero mostrar-me forte. Seria mascarar a realidade. Entendi que sou mais feliz quando sou mais fraco. Estou melhor quando estou em companhia daqueles que se sentem, como eu, em fraqueza! Prefiro os heróis da fé que tiram força da fraqueza aos que se mostram robustos, apenas para fantasiar o raquitismo de sua fé. Assim, sei hoje, mais do que nunca, que “Deus escolheu as coisas fracas do mundo para envergonhar as fortes” (1 Coríntios 1:27), a fim de que a performance dos vasos de barro denuncie sua fraqueza, o tesouro resplandeça e o poder seja de Deus e não de nós.
Rev. Jean Douglas Gonçalves
Pastor da Primeira Igreja Presbiteriana Independente do Distrito Federal

21 setembro 2006

Divagações ao vento....



"Viver a vida de forma plena, sentindo cada instante, como ser fosse único, pois o é... amar sempre, para não ter do que se arrepender depois... sorrir, para não ter o que enrrugar... caminhar hoje, para não ter que se correr amanhã... tocar o transcedente para ser por Ele envolto... ser humano, para não destruir o que do Alto nos foi dado..."

Rev. Cleber B. Gouveia

19 setembro 2006

Quero fazer um publica confissão de fé...

MISERÁVEL homem que eu sou! quem me livrará do corpo desta morte?
Romanos 7. 24

Hoje quero confessar minha situação de pecador. Sei não haver nenhuma novidade no que irei dizer, mas nunca disse isto abertamente, a todos. Mas quero dizer sem medo, pois quero estar no verdadeiro amor que vem de Deus (I Jo 4.18). Não quero mais ficar tentando esconder esta montanha de práticas pecaminosas que sou, diante da qual nem mesmo o mais alto monte deste mundo seria capaz de competir. Confesso: há uma montanha de pecados por mim praticados todos os dias.
Por isto, não quero mais esconder minha miséria. Antes o fazia por medo, afinal, nós, pastores, somos "super-homens", temos que ser modelos de perfeição, de dedicação, de homens ( e as pastores devem agora ser o exemplo de mulher), cujo padrão de vida deve ser impecável. Sinta bem esta palavra: impecável. Não pecar, não ter erros. Que palavra mais sem graça, no sentido de não haver espaço para a graça de Deus, como se houvesse a possibilidade do ser humano não percar. Sim, pois quem de nós aqui não for um pecador, e não necessitar da gloria e da graça de Deus, que atire a primeira pedra (Rm 3.23).
Por isto, não quero mais ser este "super-homem", pois, afinal, no fim até mesmo o "super-homem" fez escolhas ruins. Desejo declarar a todos, a todo o sistema, os quais obrigam-me a vive sob máscaras, que sou um miserável cujo fazer se esmera na prática do pecado. Quero afirmar que não sou ator, e hoje tenho a plena convicção de que, por mais que tente, não sou ator. Minhas máscaras pretendo lançar fora do meu alcançe, no fogo do Espírito, na esperança de que sejam destruidas, e o recomeço da caminhada rumo ao alvo seja possível (Fp 3.14). Pretendo deixá-la para trás, e correr como nunca até que esteja bem longe, e sem forças para tentar voltar e recuperá-las.
Por isto, quero olhar para Ele com os meus olhos descobertos. Quero lançar para o alto o meu olhar de pecador desesperado por ajuda, pois não conseguo fazer outra coisa a não ser pecar, pecar e pecar.
Hoje sei o que Paulo sentia em seu coração, ou pelo menos algo semelhante, quando permitiu que este grito desesperado de sua alma fosse ecoado por toda as gerações. Miserável homem que sou!!! Sei o que deve ser feito, prego sobre o que deve ser feito, e eu mesmo não consigo fazer. Não é fácil conviver comigo mesmo. Não estou dizendo que não creio no que prego. Apenas confessando minha incapacidade de viver de conformidade com tudo que creio, ou seja, com os ensinamentos e exigencias do meu Senhor. De viver plenamente uma vida em abundancia de alegria, paz, amor, benigdade, compaixão, fé, mansidão, e domínio próprio. Não tenho conseguido ter um meditar de coração e um falar do meus labios muitas vezes agradáveis ao Senhor. Confesso: tenho orado, mas muitas vezes falhado no meu propósito.
Por isto quero lançar fora todo medo. O medo de dizer que sou pecador, miserável, cujo bem não consigo fazer, mas o mal o faço a todo instante. Quero lancar fora o medo de ser rejeitado pela comunidade não qual convivo e desenvolvo o Dom, de Jesus Cristo recebido, pois não posso mais carregar este peso sozinho. Preciso ser aceito por ela como sou, ou pelo menos como estou, de forma que me sinta livre para expor os horrores de minha alma, as feridas infeccionadas por falta de cuidado, escondidas por causa do medo da rejeição. Quero lançar fora o medo da culpa, o Medo der ser apedrejado. O medo de não ser mais estimado entre os meus. Quero viver o verdadeiro amor, pois, como miserável homem que sou, vejo ser minha única esperança o amor gracioso do Pai em Jesus Cristo. Quero lançar fora o medo de tudo e de todos. Não quero mais viver com medo. E, se falhar nisto também, apenas saibam o quão miserável sou. Diante disto, qual seria minha esperança? A mesma que guardou o coração de Paulo: saber, por boca de meu Senhor e Salvador, que Sua Graça me basta! (II Cor 12.9).

No amor de Deus nosso Pai, em Seus Filho Jesus Cristo,
Cleber B. Gouveia, servo do Senhor Jesus Cristo.

12 setembro 2006

Partida

Saia da sua terra, do meio dos seus parentes e da casa do seu pai e vá a uma terra que eu lhe mostrarei.
Gênesis 12. 1

Por uma série de fatores, a maior parte de nós concorda com a fala da Dorothy do Mágico de Oz de que não existe lugar como o nosso lar. O nosso lar é um ninho de abrigo e proteção com o qual nos acostumamos ao longo de toda uma vida. Ali, temos o calor do amor, a proteção contra os perigos. Desde a mais tenra infância, sob as asas dos pais e dos parentes que nos amam, somos protegidos quando nos arriscamos em desafios. Mesmo quando os enfrentamos, sabemos que voltaremos ao lar no fim do dia.
Por fatores assim, é muito difícil para a maioria de nós abrir mão do cuidado e da proteção do lar. Deve ter passado isso na cabeça de Abrão, quando Deus lhe fez esse desafio. Era hora de largar tudo e enfrentar nova vida e novos desafios. O desconhecido estava à sua frente. Deus o chamava para abrir mão da segurança de toda uma vida e aceitar o imponderável à sua frente.
Por isso Abrão é o pai da fé. A atitude de largar tudo, deixar uma vida para trás e aceitar o desafio divino é a manifestação mais perfeita da fé naquele que falava. Somente a crença em algo muito poderoso pode nos impulsionar a largar tudo em busca de uma visão que, afinal de contas, nem está tão definida assim. O desafio de Abrão era complexo: deixar a vida segura que levava, abandonar aqueles a quem amava, o lugar de sua infância que afetivamente ainda o impressionava e ir para um lugar desconhecido – cujo caminho até lá era uma incógnita. Somente um jogo de fé profunda em Deus poderia suportar essa sua decisão. Somente lançando-se em um relacionamento profundo e real com o Criador Abrão poderia decidir-se e se realizar em sua decisão.
Às vezes nós estamos na mesma encruzilhada que Abrão – que afinal mudou de nome para Abraão. Somos desafiados a mudar de vida, a deixar para trás uma velha vida. Os nossos adolescentes, em torno dos 18 anos, passam por isso quando se vêem obrigados a deixar a velha escola e ingressar numa faculdade que, imaginam, decidirá o futuro de sua vida. Ao saírem, experiências semelhantes. Coisas assim acontecem em diversos momentos da vida da gente.
Tive um professor quando estudava missões que costumava dizer que precisamos ser desinstalados. Esse, para mim, é o segredo da realização da vida de fé com Deus. Isso significa fazer do coração o lar, local de encontro com o Deus vivo e pessoal por meio de Jesus Cristo. Assim, isso é estar disposto a deixar tudo e seguir a vocação de Deus, como Abrão.
Saia da sua terra, do meio dos seus parentes e da casa do seu pai e vá a uma terra que eu lhe mostrarei. Esta semana estive visitando minha terra, minha família. A partida é dolorosa. Somente a fé e o relacionamento com o Pai podem nos suportar nisso. Literalmente, Deus me fez o desafio de Abrão: deixar a terra, os parentes, a casa da família e ir para uma terra que eu não conhecia. Essa primeira etapa já tem dois meses, mas esse fim de semana percebi fortemente a grandeza da decisão de não mais voltar ao antigo lar.
Algumas coisas devem estar firmes no coração para nos motivar em horas assim. Primeiro, a certeza de que é o Senhor quem faz essas coisas. Se sou servo dEle, devo obedecer a Sua vontade – mesmo que isso signifique abandonar tudo o que mais amo na vida. Isso é fé.
Depois, movido por essa fé, devo estar certo de que vou para uma terra que Ele me mostrará. Ou seja, estou indo para o lugar e a situação que Ele planejou para mim. Ir, nesse caso, é permanecer no melhor lugar do mundo: o centro da vontade de Deus. Mesmo que o futuro seja invisível a olhos humanos e humanamente incerto, Deus estando à frente de tudo e guiando nossos passos nessa caminhada – pela fé – é motivo de segurança e realização.
O texto da vocação de Abrão continua dizendo algumas coisas, das quais quero destacar duas idéias: Os seus descendentes vão formar uma grande nação. Eu o abençoarei, o seu nome será famoso, e você será uma bênção para os outros (Gn. 12. 2). Ficar quieto no nosso cantinho, o lar que amamos e ao qual estamos acostumados, implica não receber as bênçãos que Deus tem reservado para nós, caso saíamos com fé de onde estamos. Ficar no nosso canto, acomodados, é abrir mão da novidade de vida que Jesus tem para nós.
Ficar é perder a bênção de receber da graça de Jesus o que Ele tem reservado. Mas ficar é, especialmente, perder a bênção de ser bênção para pessoas que ainda nem conhecemos. Não atender à vocação do Senhor de deixar tudo significa não permitir que muitos recebam bênçãos do Senhor que viriam por nosso intermédio.
Estou desinstalado e em trânsito. Por enquanto no Rio, em novembro em Salvador. Estou me sentindo realizado por saber que o caminho está sendo mostrado pelo Senhor. Estou feliz por estar atendendo à vocação dEle, por saber que Ele tem uma vida nova para mim – para a Sua glória – onde eu vá ou esteja. E estou plenamente satisfeito com isso porque sei que Deus me tirou do meu ninho não só para me abençoar ricamente, como tem feito, mas para me fazer ser bênção na vida de pessoas que nem imagino que existam, de maneiras que nunca passaram pela minha cabeça.
Na hora de decidir por deixar o ninho, atendendo uma vocação divina, lembre que Ele guiará você para o melhor lugar: o centro da Sua vontade. E você será plenamente realizado com as Suas bênçãos e por ser bênção também para pessoas que você ainda vai encontrar, sob as asas do Pai.

03 setembro 2006

Sobre Anjos, sóis e fé

Tudo o que é meu é teu, e tudo o que é teu é meu; e a minha natureza divina se revela por meio daqueles que me deste. (...) Que eles sejam teus por meio da verdade; a tua mensagem é a verdade. Assim como tu me enviaste ao mundo, eu também os enviei. (...) E peço que todos sejam um. E assim como tu, meu Pai, estás unido comigo, e eu estou unido contigo, que todos os que crerem também estejam unidos a nós para que o mundo creia que tu me enviaste.
João 17. 10, 17, 21

Esta tarde eu assisti um filme que me incomodou profundamente. Anjos do sol me fez sair do cinema e correr para o banheiro, segurando as lágrimas, engolindo em seco. Um verdadeiro e direto soco no estomago. Crueza e dureza realística de um cotidiano do país.
Já aqui, no quarto do hotel, comecei a refleti sobre a dura realidade representada naquela hora e vinte de filme (acho que se o filme fosse maior, eu morreria de impotência). E comecei a me questionar sobre onde estamos, nós, que nos afirmamos cristãos? Onde estamos, aqueles que se dizem discípulos de Jesus? Como podemos querer ser aqueles que refletem a natureza divina se não temos feito diferença para transformar essas histórias contadas no filme – tão duras e tão reais.
O nome de Jesus aparece em alguns momentos. Quando o personagem de Chico Diaz está transportando mais uma leva de garotas compradas para exploração sexual, o caminhão que faz o transporte leva à frente o nome de Jesus pregado no pára-brisa. Acho que não é um papel muito diferente que temos feito nesse país. No máximo somos pára-brisas.
Nessa manhã via um dos muitos programas evangélicos que a tevê exibe aos sábados de manhã. Nele se relatava a “grande vitória” que foi para a igreja a revogação das mudanças que o código civil impunham aos estatutos eclesiásticos, no fim de 2004. Isso é um absurdo. As vitórias que as igrejas comemoram são aquelas que dizem respeito aos seus próprios umbigos. Convencer uma bancada evangélica que, a partir do seu presidente, agora é conhecida como sanguessuga, a lutar por uma mudança legal para preservar a igreja é o máximo que as igrejas estão fazendo de luta. Enquanto isso, crianças são vendidas pelos próprios pais para exploração sexual.
Algumas igrejas se contentam em alimentar e vestir os mendigos e moradores das ruas. Eu não quero me contentar com isso. O Rio de Janeiro não é só violência, nem é só beleza natural. É mendicância também. Hoje faz dois meses que estou hospedado em um hotel aqui no Centro da cidade. Meus vizinhos de calçada são dezenas de moradores de rua. Um senhor dorme, cercado por suas caixas e coberto de seus panos, a poucos metros da porta do hotel. Outra senhora dorme na esquina da Rio Branco. Até planta em jarro ela tem em seu canto. E quando eu penso no que a nossa sociedade é capaz de fazer aos seus velhos e no tamanho da desigualdade que impera nessas ruas, vejo que o evangelho não tem que ser pregado nessas ruas: ele tem que ser vivido em ações concretas de transformação social. Eu hoje tenho mais orgulho de ser parte da Petrobras do que de ser parte da Igreja Cristã no que diz respeito transformação e mudança da realidade dos que sofrem neste mundo, neste país.
Até em coisas aparentemente mais fáceis, estamos sofrendo para que alguém acredite que somos de Cristo. Uma dessas coisas é a comunhão interna das comunidades. Quem não conhece uma história como essa, que voltou a se repetir com uma pessoa de minha família: o irmão está gravemente enfermo, tendo que se submeter a uma cirurgia extremamente delicada e de risco de morte. Fica, depois, uma semana no hospital. Depois, mais três semanas com uma sonda. Por fim, quando a sonda é retirada, mais uma semana no hospital. Visitado por alguns líderes, sua falta não é sequer sentida pelo resto da comunidade. Que nem sequer é informada da doença do irmão.
E peço que todos sejam um. E assim como tu, meu Pai, estás unido comigo, e eu estou unido contigo, que todos os que crerem também estejam unidos a nós para que o mundo creia que tu me enviaste. Como o mundo crerá, se não conseguir nos comportar como verdadeiros discípulos? Às vezes penso que as comunidades, inclusive a que estou, não tem a menor vontade de que o mundo creia. Não se move nessa direção e vive de maneira que impede que isso aconteça.
Onde vamos parar? Como e quando seremos discípulos verdadeiros do Mestre Jesus? Do Cordeiro, Filho de Deus, Raiz de Davi? Ou será que vamos esperar que Deus nos tire da Videira e enxerte alguém que possa dar fruto?

01 setembro 2006

Quando o fracasso se torna motivo de louvor



Ainda que a figueira não floresça, nem haja fruto nas vides; ainda que falhe o produto da oliveira, e os campos não produzam mantimento; ainda que o rebanho seja exterminado da malhada e nos currais não haja gado. Todavia eu me alegrarei no Senhor, exultarei no Deus da minha salvação. O Senhor Deus é minha força, ele fará os meus pés como os da corça, e me fará andar sobre os meus lugares altos. Habacuque 3. 17-19.

Hoje, dia primeiro de setembro, foi o último dia de inscrição para o ACAMPADENTRO. Lembro-me aqui do dia em que escrevi um texto falando de todo o trabalho realizado na confecção da arte para o cartaz, e de como corri para fazê-lo em tempo hábil. Lembro-me do quanto fiquei feliz com a aceitação dos textos escritos e enviados a cada aluno, como também aos pais. Lembro-me de ter dito que minha alegria era ainda maior pelo fato de contemplar, pela fé, o trabalhar de Deus na vida de cada aluno da escola durante o evento; por crer na ação poderosa de Deus nos dois dias e meio destinados para o ACAMPADENTRO. Bem, hoje é dia primeiro de setembro, faltariam 6 dias para a realização do mesmo, e infelizmente não o será.

Não o será por vários fatores. Um deles, e principal, por falta de inscrições. O segundo, talvez devido à falta de conhecimento do que um feriado prolongado pode fazer numa programação escolar. Penso ter-me esquecido do fator “queremos viajar”, e de que competir com isto era quase que um suicídio de planejamento.

Confesso estar meio abatido. Afinal, foram dias e noites de pensar laborioso sobre as atividades, de oração pelos despertar dos alunos, como também pelos “voluntariados” que formariam a equipe de trabalho. Afinal, os preletores se deram na difícil tarefa da preparação das mensagens, e são homens capacitados pelo Espírito. Avisá-los de que não falariam mais era algo dolorido, não desejado. Afinal, não há nada pior que sentir o fracasso. Sim, podemos chamar assim, afinal, nosso objetivo não fora alcançado. Os alunos não se sentiram motivados, as expectativas foram frustradas; o trabalhar parece ter sido em vão.

Contudo, volto-me para o texto de Habacuque 3. Lá também percebo ter havido frustrações. O profeta fala de um cenário desencantador. Não há animais no campo. A vide não produz mais frutos, a figueira não mais floresce. Não há vida natural em sua plenitude. A esperança foge das vistas, pois tudo é desolação. Entretanto, a atitude do profeta nos confronta, e de forma inesperada e poderosa, nos anima e ministra as consolações do Senhor. Leva-nos a entender que os que confiam no Senhor, não se abalam, mas permanecem para sempre, independente das circunstâncias (Salmo 125.1).

E é diante da realidade vivida pelo profeta, e suas palavras, que passo a entender uma grande verdade: há uma grande diferença entre o que crê e o descrente: o descrente vê em suas frustrações e fracasso o fim de todas as possibilidades. O crente vê em seus fracassos e frustrações o início de todas elas. O descrente vê apenas a realidade presente de caos, e se desespera. O crente vê além desta, pois sua esperança não está no que ele pode realizar ou deixar de realizar, e se anima com a possibilidade de um futuro melhor. Ele crê que a realidade histórica da humanidade está firmada no que já fora planejado e executado pelo seu Senhor na Cruz do calvário, e no tumulo vazio. Ele olha para além das circunstancias e percebe que até mesmo ossos secos podem ser cheios vida novamente (Ezequiel 37.1-14). O descrente não consegue continuar, não têm de onde tirar forças. O crente olha continuamente para frente e para o alto, na certeza de que os insucessos do presente não se equiparam ao futuro de vitórias e glórias que o esperam em seu Senhor (Fp 3.14 e 1ª. Pd 1. 3-9; 1ª. Jo 3. 1-3)
Assim sendo, eu continuo sendo fortalecido, como Habacuque, pela alegria que, da parte de Deus, vem até ao meu coração. Continuo louvando seu Santo nome, em Seu Filho Jesus Cristo, pelo Seu Espírito que a mim anima e fortalece através do Seu agir consolador. Continuo vendo as glórias infinitas as quais verei serem manifestas em nosso meio, continuamente, e canto: “ainda que a figueira não Florença, ainda que a vide não dê seu fruto, ainda que não haja animais no campo, ainda que meus projetos sejam frutados, alegrar-me-ei no Senhor, pois Sua alegria é a minha força”.

No amor de Deus em Cristo Jesus, Cleber B. Gouveia.
Pastor auxiliar da Primeira IPI do Distrito Federal,
e Capelão do Cedecap, onde seria realizado o ACAMPADENTRO
nos dias 7,8 e 9 deste mês de setembro.

29 agosto 2006

Fazendo pecar

Sempre vão acontecer coisas que fazem com que as pessoas caiam em pecado, mas ai do culpado! Seria melhor para essa pessoa que ela fosse jogada no mar com uma grande pedra de moinho amarrada no pescoço do que fazer com que um destes pequeninos peque.
Lucas 17. 1 – 2

Essa mensagem é um alerta, até mesmo contra mim mesmo. Eu não me vejo como muito apropriado porta-voz de uma palavra assim. Não me sinto muito são ou santo para falar coisas tão duras. Por isso sei que, mais do que qualquer coisa, essa é uma palavra que se dirige contra mim, pecador e mentiroso como sou.
Diante da santidade gloriosa do Senhor, não podemos ter muitas ilusões. Não podemos ter muitas ilusões de bondade ou boas ações. Temos que ter consciência de que somos, antes de tudo, pecadores que merecem nada menos que a mesma condenação da parte do Senhor. E rasgando o coração e confessando a culpa, somente podemos nos lançar aos pés do Senhor, dependendo de Sua graça e Seu perdão.
Depois de uma introdução em que confesso meu incômodo em falar algo como o que vou falar, devo confessar também que Deus me conduziu a falar isso. Sem dúvida.
No início do ano passado, vivi uma experiência bem interessante, que devo ter partilhado nesse espaço. Era o responsável pelo estudo junto aos adultos no retiro de carnaval. Tentando levar algo que me dissesse respeito – daquelas coisas que Deus estava fazendo comigo – resolvi estudar com o grupo capítulos específicos de Celebração da Disciplina, de Richard Foster. Queria estudar oração e meditação, tentando dar à temática o caráter prático que Foster aplica no seu livro.
Para resumir o relato, a reação de alguns líderes da igreja me assustou quando propus exercícios de meditação. Como se fossem criações do próprio demônio. O que quero destacar aqui é que o argumento usado para me impedir de fazer o exercício naquela manhã, pelo líder em questão, é que tínhamos no grupo um jovem casado com pouco tempo de igreja. Ele seria imaturo para vivenciar aquela experiência. A desculpa era preservá-lo.
O efeito, no entanto, foi o oposto. Aquele rapaz por pouco, naquele dia, não deixou a igreja. Ele ficou decepcionado com a maneira grosseira e prepotente como eu fui interrompido pelo referido líder da minha antiga igreja. Foi pouco, foi uma ação da graça de Deus, que permitiu que aquele rapaz e sua família permanecessem na igreja naquele momento.
Recentemente, fiquei sabendo, tendo sido informado pelo próprio, que ele agora era Testemunha de Jeová. Procurando saber o que acontecera, descobri que aquela ação maligna que tentou afastá-lo de Jesus no ano passado, finalmente obteve sucesso. Levado por boatos infundados, um outro líder daquela igreja deixou de falar com o jovem – ambos eram colegas de trabalho. O resultado é que o salão do Reino o recebeu bem. E hoje ele diz que encontrou a verdade.
Sempre vão acontecer coisas que fazem com que as pessoas caiam em pecado, mas ai do culpado! Seria melhor para essa pessoa que ela fosse jogada no mar com uma grande pedra de moinho amarrada no pescoço do que fazer com que um destes pequeninos peque. Nada impede que eu e você nos ponhamos no lugar desses líderes que foram responsáveis pelo pecado e desvio daquele jovem. Eu morro de medo disso, devo falar com clareza. Eu morro de medo de ser o responsável por alguém que se perca, como essa família. Porque as palavras de Jesus contra esses são duríssimas. Eu temo por mim, caso caia nesse pecado, mas temo muito mais pelo resultado das ações de líderes e igrejas que se tornam responsáveis pelo afastamento e pecado destes pequeninos. Se os que se desviam são culpados de se afastarem, mais culpados me parecem ser aqueles que os lançam nessa situação: seria melhor para essa pessoa que ela fosse jogada no mar com uma grande pedra de moinho amarrada no pescoço.
Eu falei que uma mensagem dessa é desconfortável para um pecador como eu. Eu sei do risco que corro de ser, eu mesmo, alguém como esses líderes. Eu sei que posso me pôr, facilmente, sob o juízo do Deus vivo. Mas você também pode. Pode, inclusive, já ter agido assim antes. É tempo ainda de se arrepender e de se reconhecer o pecador que é. É o momento de ter a postura daquele publicano, que nem levantava o rosto para o céu. Batia no peito e dizia: “Ó Deus, tem pena de mim, pois sou pecador!” (Lc. 18. 13), não a postura dos fariseus que faziam discípulos e, depois, os tornam duas vezes mais merecedores do inferno do que eles mesmos (Mt. 23. 15). É hora de buscar a graça e o perdão de Deus. É o momento de se chegar a Ele. Antes que não seja mais possível.

27 agosto 2006

Sobre Jonas

Assim como o profeta Jonas foi um sinal para os moradores da cidade de Nínive, assim também o Filho do Homem será um sinal para a gente de hoje.
Lucas 11. 30

Quando eu leio esse trecho do evangelho, um detalhe me chama muita atenção. Apesar de ser Jonas o profeta do povo de Deus e ser anunciado que é um sinal dele que Jesus dará, é o povo de Nínive quem se levantará para julgar aquela geração de judeus (Lc. 11. 32), porque se converteu diante da pregação do profeta.
A história do profeta Jonas reproduz o grande conflito da fé que perpassa toda a história da revelação: o conflito entre religiosidade e fé. No Antigo Testamento, a história de alguns livros nos remetem a esse conflito entre os religiosos legalistas e aqueles que entenderam o valor da graça e da fé em Deus. Um exemplo disso é pensar no livro de Jó. Enquanto os legalistas judeus defenderiam em diversos momentos que o ser judeu e o cumprir a Lei seriam condições únicas para a salvação e a vida com Deus – enquanto o sofrimento somente poderia ser entendido como castigo contra os ímpios –, Jó é um reconhecido servo fiel ao Senhor, mesmo não sendo judeu e sofrendo terríveis coisas ao longo de seu livro. Ser servo de Deus não é, então, exclusividade de um povo que se conhece como Seu povo, nem cumprir a Sua Lei pode ser entendido como garantia de vida boa.
Jonas, como Jó, fala-nos dessa dimensão de conflito entre a vida de fé e a religião. Jonas é o profeta do povo de Deus que tem a ilusão de que pode determinar quem pode ou não pode servir a Deus, tal qual todos os legalistas da história. Ele se recusa a ir pregar a Palavra de Deus aos ninivitas porque os considera indignos de ouvir a mensagem do Senhor – muito mais de se converterem. Ele é tão impregnado dessa mentalidade que pede a morte quando constata a conversão do povo inimigo, no fim do livro (Jn. 4. 2 – 3).
Muitos, no seio da igreja, têm se comportado como verdadeiros profetas no espírito de Jonas. Talvez não sejam capazes de admitir publicamente, mas definem em seus corações e em suas práticas que determinados tipos de pessoas não podem nem nunca farão parte do povo de Deus. Nem que para isso a alternativa seja deixá-los fora do círculo de evangelização da igreja.
Lembro de uma ocasião em que estava na Escola Dominical de uma igreja onde os jovens definiam que determinados pecadores de dentro e de fora da igreja jamais fariam parte daquela comunidade. Arvorados no espírito do profetismo legalista, o grupo de jovens determinavam quem podia e quem não podia ser alvo da graça de Deus.
No livro de Jonas a grande lição é a nós mesmos, para que não nos sintamos mais especiais, por sermos parte de um povo que leva o nome de Deus. Porque as grandes lições de fé vêm daqueles que são externos a esse povo. Primeiro, Jonas, o santo profeta do povo de Deus, é um grande desobediente, quando, em vez de abrir mão dos preconceitos, prefere fugir a obedecer à ordem do Senhor.
Em seguida, ainda no barco, ele dorme enquanto todos pedem pelas suas vidas diante da tempestade que abate a embarcação. Ele dorme, enquanto os que não são parte do povo de Deus oram. Depois, para descobrir a causa do castigo, ele se confessa ao grupo e diz que o jeito é jogá-lo ao mar, como um sacrifício para saciar a ira de Deus. Mais uma vez, a reação daqueles homens que não conheciam a esse Deus e não eram parte do Seu povo – ao contrário de Jonas – parece mais adequada. Eles relutam em fazer um sacrifício humano. Somente cedem quando constatam que Jonas era o profeta do Deus vivo, filho do Seu povo. Ou seja, era mais provável que ele, não os demais, soubesse o que era preciso para saciar a ira de Deus naquele momento. Ainda assim, não o jogam do barco sem uma oração de clemência: Ó Senhor Deus, não nos castigues com a morte por tirarmos a vida deste homem. Pois és tu, ó Senhor, quem está fazendo isso, e o que está acontecendo é da tua vontade (Jn. 1. 14).
Jonas foi incapaz de orar pelo bem coletivo quando dormia no barco, mas ao ser tragado pelo grande peixe, ora pela própria vida. Depois de três dias, o peixe o cospe na praia e ele se vê obrigado a ir pregar em Nínive. Não demonstra qualquer arrependimento nem quanto aos preconceitos que o levaram a essa situação, nem quanto à fuga em desobediência. Ao contrário, o povo de Nínive se arrepende de sua condição pecadora, se converte e Deus os perdoa. O profeta do povo de Deus não se arrepende nem muda de atitude, enquanto um povo inteiro, que não leva o nome do Senhor, nos ensina mais em sua atitude de arrependimento e conversão.
O sinal de Jonas, segundo o que fala Jesus, é o arrependimento dos ninivitas. Essa é uma palavra contra os Jonas dos dias de Jesus, os fariseus legalistas, que não admitiam que pecadores, publicanos e prostitutas pudessem ser alvo do amor de Deus. São esses, junto com os ninivitas, que se levantaram para julgar fariseus e legalistas de toda espécie. Às vezes, ser povo de Deus não garante outra coisa, senão o juízo. Às vezes, as atitudes de adorador podem ser encontrados em gente que muitas vezes não queremos no nosso meio, em nossas igrejas.
O sinal de Jonas é a conversão dos ninivitas. Mais do que isso, é mostrar aos judeus legalistas – e aos muitos cristãos legalistas entre nós – que a salvação não é propriedade exclusiva de ninguém. Ela está disponível, gratuitamente, em Jesus, a quem se achegar para beber a Água Viva que só Ele dá.

25 agosto 2006

Até que passem as calamidades


“Tem misericórdia de mim, ó Deus, tem misericórdia, pois em ti a minha alma se refugia; à sombra das tuas asas me abrigo, até que passem as calamidades.” (Salmo 57:1)

Todos somos afligidos por tempos difíceis. Tempos em que somos bombardeados por crises. Podem ser crises emocionais, financeiras, familiares, espirituais, profissionais... Na verdade a qualidade das crises não são importantes, o que importa é que todos os seres humanos podem ser vez outra atingidos por calamidades. Como reagir diante das calamidades? Como se posicionar quando passamos por crises? De onde buscar forças para sairmos incólumes do vendaval? Vencedores da batalha?

A Bíblia nos ensina que podemos contar com as misericórdias divinas. Deus continua fiel à sua promessa e a cada novo alvorecer, a cada novo dia, quando ainda o sol não fez luzir seus primeiros raios, suas misericórdias já se renovaram. Jeremias, o profeta, passou por momentos difíceis. Seu testemunho é que ele foi o homem que viu a aflição. Mas em meio ao caos, à confusão, aos tormentos e calamidades; fez um exercício que lhe devolveu esperança para viver. Trouxe à memória o que lhe devolveu a esperança: “As misericórdias do Senhor são a causa de não sermos consumidos porque as suas misericórdias não têm fim; renovam-se cada manhã.” (Lm. 3:22-23)

Depois, ensina-nos as Escrituras que temos refúgio e abrigo. Quando estamos num temporal, quando o brilho cintilante dos relâmpagos cortam o céu e o barulho aterrorizante dos estrondos dos trovões fazem a alma temer, devemos procurar um refúgio e um abrigo. Deus é o nosso refúgio e fortaleza, socorro bem presente na tribulação, nossa torre forte, nosso abrigo no temporal, o Senhor é a nossa rocha, o rochedo da nossa salvação, nosso escudo... Pois no dia da adversidade ele me guardará protegido em sua habitação; no seu tabernáculo me esconderá e me porá em segurança sobre um rochedo. (Sl. 27:5).

Então nos confortamos no fato de que as calamidades passam. Não perduram as lutas. Não permanecem, nem se perpetuam. Não há crise que seja irreversível. Em breve o temporal assustador cessará e haverá bonança. Então estaremos seguros e o nosso coração fortalecido. Saíremos mais fortes e mais vigorosos da crise. Não desista, não se desespere, não perca a paciência, não entre no quarto escuro da alma... Pois, em Cristo, é Tempo de Esperança... até que passem as calamidades!
Jean Douglas Gonçalves

19 agosto 2006

Incredulidade

Então Pedro disse: - Se é o Senhor mesmo, mande que eu vá andando em cima da água até onde o Senhor está. – Venha! – respondeu Jesus. Pedro saiu do barco e começou a anda em cima da água, em direção a Jesus. Porém, quando sentiu a força do vento, ficou com medo e começou a afundar. Então gritou: - Socorro, Senhor! Imediatamente Jesus estendeu a mão, segurou Pedro e disse: - Como é pequena a sua fé! Por que você duvidou?
Mateus 14. 29 – 31

Você já deve conhecer uma outra ilustração que nos fala sobre fé e confiança em Deus. Possivelmente, ao ler a história acima que envolve Pedro e Jesus, você se lembra daquela cena emblemática de Indiana Jones e a última cruzada em que o herói precisa atravessar um abismo e, ao dar o primeiro passo, descobre haver uma ponte oculta em uma ilusão de ótica. Você já pensou, como eu, tantas vezes, que a incredulidade nos paralisa e nos faz perder aquilo que Deus tem reservado para nós. Já imaginou se, lá no Êxodo, na hora em que Deus desse a ordem para o povo marchar, Moisés duvidasse? Nós não teríamos o relato de tão espantoso milagre: o mar se abriu.
Se você, como eu, conhece e lembra de tantas histórias semelhantes, deve conhecer também uma outra que relato a seguir. Conta-se que um alpinista, ao se ver dependurado em um pico sem nenhuma visibilidade após ter escorregado, pediu a ajuda de Deus e disse: Deus socorre-me! Deus respondeu:- Você realmente crê que eu possa salva você? O alpinista respondeu: - Sim, eu creio. Deus, então, mandou que ele cortasse a corda. O alpinista pensou muito e segurou ainda mais forte a corda. Morreu, congelado, a dois metros do chão.
Eu e você já tivemos vitórias e bênçãos trazidas pelo Senhor que nos foram conquistadas porque em algum momento de prova não duvidamos e nem perdemos a fé. Mas tenho a impressão que os nossos momentos “Pedro” devem ter sido mais numerosos.
Talvez o principal tipo de problema que nos acomete dia a dia são os problemas com falta de fé; é a incredulidade. Duvidamos da presença de Deus em nossa vida, da graça de Jesus, do amor do Pai, do perdão e da vida que nos vêm do Senhor. Tememos o desconhecido e nos afligimos no meio de lutas reais, mas essas coisas só são multiplicadas em seus efeitos porque duvidamos da grandeza, da existência e da magnitude da obra do Senhor é nossa vida.
São os momentos “Pedro”. Assustado em descobrir que Jesus vinha até eles no barco, andando por sobre as águas, Pedro desafia o Senhor a provar que é Ele: - Se é o Senhor mesmo, mande que eu vá andando em cima da água até onde o Senhor está. Jesus permite. Pedro começa a andar sobre a água. Até que pára de olhar para a grandeza do Senhor que deu a ordem e pensa nas dificuldades e problemas à sua volta. Quando sua atenção recai sobre o mundo à sua volta, Pedro duvida e afunda.
Assim é conosco. O mundo à nossa volta não é muito favorável. Todas as coisas assustam: violência, guerras, fome, inseguranças e incertezas em geral. Olhamos em volta e parece que tudo está se desfazendo. Até a nossa fé se desfaz nesse contexto. É fácil perdermos a fé e os seus efeitos em um mundo como o nosso.
Contra o problema da falta de fé precisamos de um toque das mãos do Senhor. Precisamos da presença do Senhor. Porém, precisamos, na verdade, de algo diferente. O Senhor, o Seu toque e a Sua presença já estão aqui, como Jesus estava naquele lago, em pé, diante do barco e de Pedro. Precisamos ter olhos para vê-Lo ali, diante de nós, nos chamando para o Seu lado, nos fazendo andar por sobre os nossos problemas. Precisamos de uma visão além do alcance das coisas que nos cercam. Precisamos de olhos que vejam o Deus real e invisível que nos ama e nos chamou a seguí-Lo, com fé e pela graça.

18 agosto 2006

Fantasmas

Quando os discípulos viram Jesus andando em cima da água, ficaram apavorados e exclamaram: - É um fantasma! E gritaram de medo.
Mateus 14. 26


Alguns anos atrás, quando estava no seminário, o professor de hebraico, fatalmente doente, estava internado e necessitado de receber doações de sangue. Eu nunca havia doado sangue, especialmente pelo verdadeiro e descontrolado pavor de agulhar. Por mais que racionalmente eu possa compreender que aquele ato não me causará problema algum, o medo irracional me impedia de agir.
Na doença do professor eu percebi a estupidez do meu medo. Eu temia algo que não existia: algum risco de vida ou dor com uma agulha em meu braço ou com a coleta de sangue. Resolvi enfrentar meu medo. Fui fazer a doação e preveni ao médico do posto de coleta que, devido ao meu medo, era provável que passasse mal ou desmaiasse. Mesmo que eu e o médico estivéssemos racionalmente certos de que meu medo se fundamentava em algo que não existia, por pouco não desmaiei naquele dia.
Meu medo de agulhas é tão grande que me lembro de uma ocasião, início da adolescência, em que um médico me solicitou um exame de sangue para descartar a possibilidade de que as dores enormes que vinha sentindo nos pés fossem causados por febre reumática. Fui até o laboratório para coletar o sangue e voltei para casa sem fazê-lo. Meu medo do que não existia de verdade me paralisou naquela manhã.
Meu medo irracional se dirigia a algo que, de real, não existia. Hoje eu ainda temo um tanto agulhas, mas já sou capaz de enfrentar o medo e coletar sangue e tomar anestesias. Mas ainda não tive coragem de doar sangue de novo.
Naquele barco açoitado pelo vento e pelas ondas – um problema bem real enfrentado pelos discípulos – surge um problema imaginário: os discípulos gritam de medo porque viram um fantasma!
Muitas vezes os problemas que nos afligem não têm base concreta – e nós sabemos disso. Muitas vezes começamos a perceber que eles são criados por nossa cabeça e nosso coração. Com medo, vemos coisas que não existem, ouvimos vozes irreais, tememos o que deveríamos louvar. O tal fantasma que tanto assombrou os discípulos era o Mestre que vinha em socorro, andando sobre as águas!
As vezes a atmosfera de temor e medo nos sufoca tanto que tememos – vemos fantasmas – quando o próprio Deus intervém em nosso favor, como no caso dos discípulos. Nós sabemos ou vivemos histórias como as de Gideão, assustado com o tamanho da responsabilidade que Deus coloca em suas costas, temeroso do fracasso da missão. Nós já tivemos medo de enfrentar as soluções que foram trazidas por Deus para os problemas de nossa vida, como se víssemos fantasmas – medo de onde não deveríamos tirar medo.
Algo assim aconteceu comigo recentemente quando a Petrobras me convocou e eu soube que deveria vir para o Rio de Janeiro. Mesmo ciente que aquilo era resposta da oração e era ação milagrosa do Senhor, eu tive os meus fantasmas. Afinal, sair de perto da família, morar em uma terra estranha, eram desafios assustadores – mesmo que hoje saiba que não se firmavam em nada de concreto.
O medo do desconhecido se enfrenta com fé. Como teve fé o nômade Abrão ao atender o chamado divino para deixar tudo para trás e seguir uma voz que lhe guiava a uma terra que nunca vira – e que, dizia a voz, seria dele e de sua descendência.
O medo do desconhecido se enfrenta lançando-se ao cuidado do Deus amoroso que nos chamou a uma vida verdadeira e real – fé em Jesus e comunhão com o Deus Triúno. Assim, poderemos não correr o risco de ver fantasmas onde, na verdade, está a presença amorosa e cuidadosa do Senhor.
Daniel Dantas é mestre em Jornalismo e funcionário de carreira da Petrobrás