21 janeiro 2007

Encurvada

E chegou ali uma mulher que fazia dezoito anos que estava doente, por causa de um espírito mau. Ela andava encurvada e não podia se endireitar.
Lucas 13. 11


A discussão que tem lugar nesse quadro no relato de Lucas diz respeito ao sábado. Mas eu não quero dar atenção nesse texto nem aos fariseus, nem ao sábado. Eu quero pensar nessa mulher.
Ainda me recupero de uma terrível crise de dor ciática, provocada pelas minhas duas protrusões discais. Essa deve ter sido a segunda pior crise que eu tive desde que apareceram as minhas primeiras dores, seis anos atrás. A crise foi tão intensa que eu tive de me afastar do trabalho. Não conseguia me levantar, sentar ou deitar sem auxílio. Além disso, andava me arrastando, segurando nas pessoas e nas paredes. Não agüentava ficar muito tempo sentado, deitado ou em pé.

Mas essa não foi a pior crise. A minha pior crise foi a primeira de todas. Era dezembro do ano 2000 quando eu senti as primeiras dores. Duraram uma semana. Depois, sumiram por uma semana. Quando as dores retornaram eu não podia imaginar que elas não sumiriam até agosto de 2001. Passei quase oito meses sentindo dor constantemente. Não houve um segundo em todo esse período em que meu ciático não doesse – não estou exagerando. Claro que não era sempre a mesma intensidade de dor, mas era uma dor constante e ininterrupta.

É por isso que eu quero pensar nessa mulher que fazia dezoito anos que estava doente, encurvada, sem conseguir se levantar. Eu posso fazer idéia, imaginar, o tamanho sofrimento que essa mulher teve ao longo de todos esses anos de doença. Os tantos médicos e curandeiros que ela deve ter buscado. Os parcos recursos que ela deve ter gastado em busca de cura. A discriminação que deve ter enfrentado em virtude de todas as suas dificuldades. A dor, o incômodo e a falta de mobilidade.

Foi uma vida difícil até aquele dia, até que ela entrou naquela sinagoga. Posso imaginar que ela não fazia idéia que naquela tarde sua busca intensa se encerraria. Sua dor se esgotaria. Imagino que ela não tinha idéia de quem iria encontrar naquele lugar.

Jesus é simples e direto com ela. Mulher, você está curada (Lc. 13. 12). Não pergunta nada, não ouve pedido, não questiona. Simplesmente a cura, tocando-a para não deixar dúvidas sobre o que estava fazendo. Assim, num toque, o sofrimento e a busca de dezoito anos se foi. Num toque do Senhor, com uma Palavra de Deus.

Às vezes, nossa dor e nossa busca são físicas mesmo. Nosso sofrimento é físico, como acontece comigo em minhas crises. Lembro que, em 2001, quando morava no Seminário, chorei em alguns momentos; não de dor, mas de desespero por não me ver livre daquele incômodo constante. Naquelas horas, eu desejava um alívio e uma cura física. Nem sempre ela virá, eu sei. Você deve descobrir isso também.

Outras vezes, nossa dor e nossa busca são de outra natureza. Às vezes, não estamos fisicamente encurvados há dezoito anos como aquela mulher, mas as emoções não curadas, os ferimentos e as doenças espirituais encurvam a nossa alma e nos deixam debilitados. Você pode não ter um problema físico de que deseje a cura, mas pode ter um ferimento de outra ordem, que oprime você e encurva sua alma.

Em todos os casos, precisamos encontrar Jesus. A cura e a mudança de vida daquela mulher se deram no seu encontro com Jesus naquela tarde, naquela sinagoga. Não importa quanto tempo faça que você sofra com isso. Não importa se são cinco dias ou dezoito meses: um encontro com Jesus é o que você realmente precisa para mudar a situação. Mesmo que esse encontro não represente a cura – nem sempre representa – ele vai mostrar a você que não é preciso carregar o peso do sofrimento – físico, emocional ou espiritual – sozinho. Ele estará, a partir desse encontro, com você, o apoiando e enxugando qualquer lágrima de dor ou de sofrimento. E a paz que encherá a sua alma será suficiente para ajudá-lo a enfrentar o que de mal ainda puder surgir.

Mas o encontro com Jesus será a sua cura. Cura da opressão da dor e do sofrimento, do corpo ou da alma. Mesmo que o fim dessa opressão não signifique, necessariamente, o fim da dor, mas apenas o alívio de saber que Jesus está com você em cada momento.
Daniel Dantas
Jornalista e funcionário da Petrobrás.

13 janeiro 2007

Novo tempo, nova realidade...

Olá...Graça e Paz da Parte do Pai em nosso Senhor e Salvador Jesus Cristo.
Sei que há muito tempo não escrevo neste blog. Às vezes, nós, os que escrevemos ficamos bloqueados, eu pessoalmente tenho muito disto. Realmente falei muito sobre a vida nova em Cristo Jesus para os da comunidade onde sirvo ao Senhor. Contudo, não tenho escrito muito. Volto com este texto, escrito para o informativo dominical. Espero que possa ser edificante para sua vida, em Cristo Jesus, amém!

Vivemos novos tempos! Novos tempos significam novas estruturas, e novas estruturas, a necessidade de novo pensar. E é a partir de uma reflexão contemporânea que nós, pastores e presbíteros, entendemos ser necessário trabalhar uma nova estrutura para a vida comunitária de nossa igreja. E a chamamos de: Igreja em Ministérios.

Pensando neste processo de transição, não posso iniciar nosso bate papo sem dizer que você é importante dentro dele. Neemias (Capítulo 2), por exemplo, quando desejou reconstruir Jerusalém, que estava assolada, conseguira bom termo diante de Deus e do rei, e poderia ordenar o que quisesse e fosse necessário para que seu ideal fosse concretizado. Contudo, sentou-se com os principais do seu povo em Jerusalém, e compartilhou com estes o que Deus havia feito por ele, convidando-os a participarem do processo de reconstrução. Por fim, todas as famílias que ali estavam se envolveram no processo. O que isto significa? Cada um deles era importante para a reconstrução de Jerusalém. O que quero dizer com isto? Cada um de nós, membro da 1ª.IPI, do Distrito Federal é importante para que o processo de transição para uma Igreja em Ministério seja bem sucedido, bem como permaneça e dê frutos.

Na história de Neemias, o entendimento por parte do povo se fez de forma concreta. Eles literalmente puseram as mãos na massa (v. 18), e trabalharam para reconstruir os muros.
Nós também precisamos deste desprendimento. Todo o processo de transição dependerá do nosso envolvimento não somente em oração nos lares ou no templo, como forma de intercessão pelos lideres. Sozinhos não farão o que deve ser realizado. Ministérios não se mantêm somente pelo trabalho dos seus lideres. Assim como Neemias sozinho, ou mesmo com os sacerdotes e nobres, não conseguiria reconstruir nada somente com o apoio moral do restante dos habitantes de Jerusalém, não se poderá concretizar o sonho de ministérios fortes e eficazes sem o envolvimento verdadeiro, prático, no dia-a-dia, de cada membro de nossa comunidade, incluindo você.

Creio que Deus, em Seu coração, tem um Dom espiritual para a sua vida. Se você ainda não o tem, é preciso buscá-lo, e mais, torná-lo evidente, frutífero dentro da comunidade, para que ela, como Corpo de Cristo, cresça em amor para o bom desenvolvimento de seu serviço como Serva do Altíssimo.

Assim sendo, o que pretendo nesta pastoral é dizer: não se esconda, pois a luz não pode ser acessa e escondida debaixo da cama (Mt 5.14). Não perca o sabor, pois os dons e o amor de Deus em nos dá um sabor único, e não se pode perder o sabor que lhe dá o sentido de existir (Mt 5.13). Seja como aquele que vive e serve ao Senhor com sua vida, talentos e Dons recebidos do alto, e andemos pelos vales áridos fazendo brotar ali um manancial de vida em Cristo Jesus. Amém.
Rev. Cleber Batista Gouveia
É Pastor Auxiliar da 1a. IPI do DF, e
Capelão no Colégio CEDECAP, Taguatinga DF.