06 março 2007

Sentir com os que sentem... tornar-se igual...

"...E o segundo é este: Amarás ao teu próximo como a ti mesmo. Não há outro mandamento maior do que esses."
Marcos 12. 31
(leia também Lucas 10. 25-37)
Durante esta noite tive um sonho muito louco. Sonhei que era um mendigo, e que passava muito frio. Senti-me ainda só, desprezado, angustiado, sem ninguém que se interessasse em ajudar-me. O engraçado foi quando acordei. Descobri o motivo do sonho: estava realmente com frio pois a coberta que usava havia "misteriosamente" saído de cima de mim...

Após acordar, veio à minha mente o quanto uma situação ruim em grande parte nos incomoda somente quando acontece conosco, ou com alguém a quem amamos.

Em meu sonho o frio sentido foi real, não apenas visualizado no outro. A sensação de incapacidade para transformar minha realidade, de incapacidade para acabar com o meu sofrimento não fora apenas uma crise de consciência, como a sentida quando se olha para um mendigo mas, ao virar a esquina, logo se esquece. A dor da rejeição estava alojada em meu coração, e o sentimento de incompreendido preso ao grito que não ecoava.

Confesso: por mais que fosse só um sonho, n
ão fora uma situação fácil.


Não estou aqui querendo espiritualizar a situação. Sei que meu sonho decorreu do frio que senti pela falta da coberta. Contudo, não pude fugir da imagem dos mendigos que dormem ao relento na porta da Igreja onde pastoreio, ou na porta do colégio onde trabalho. Não pude fugir da cobrança em meu coração da ajuda prometida a um deles, o qual não vejo a dias. Não pude deixar de sentir com eles, de me colocar naquele momento no lugar de cada um deles; dos que conheço pelo menos.

Naquele instante de sobriedade social veio à minha mente: amar ao próximo com a nós mesmo deve me levar a sentir como eles se sentem, da mesma forma como acontecera no sonho. O amor com o qual a mim mesmo amo, e pelo qual entendi ser digno de uma chance melhor, deve ser o mesmo com o qual preciso amar o meu próximo, e vê-lo como digno de situação melhor, e esta decisão levar-me a sentir como ele, colocar-me em seu lugar, e de alguma forma, ajudá-lo a sair de onde está: lugar de sofrimento e desprezo.

É isto o que ocorre na parábola do Samaritano (Lucas 10. 25-37). Ele reconheceu a situação e sentiu a dor da vítima dos bandidos. Se colocou no lugar da pessoa e, porque amou, foi solidário, sem medir esforços ou perdas próprias. Não raciocinou o retorno, a não ser da dignidade e bem estar bem quem ajudava. Esta parábola fala de Deus, da pessoa de Jesus, e deseja levar-nos à compreensão do amor de Deus, revelado em atitudes (benignidade), ensinando claramente ser assim que Deus age em favor de nós: com o amor que aproxima, e se coloca (literalmente) no lugar do que sofre (Romanos 8; 1 Pd 2.24 entre outros textos).

Hoje vi mais uma reportagem sobre a adolescente que morrera ao ser alvejada por uma bala perdida, mais uma. Penso precisarmos sentir a dor da mãe, chorar um choro verdadeiro, e agir com ela e outros em favor da vida. Pois, quem ama sente; quem ama se torna próximo; quem ama toma o lugar do outro; quem ama não é indiferente, mas se faz igual.


Que o Senhor nos ajude. Que o Seu Espírito continue a derramar do Seu amor em nossos corações (Romanos 5.5). Que o Senhor Jesus continue a nos fazer a sentir a realidade do sofrimento, e a sonhar como Deus sonha, agindo com e em favor do próximo, para que a presença do Senhor seja revelada de forma transformadora e consoladora.
Sei que não sou o primeiro nesta fila, e também não serei o último, mas quero não ser mais indiferente, não mais faltar com amor para com o meu semelhante.
Assim sendo, despeço-me no amor daquEle que não se omitiu diante do sofrimento de cada um de nós, mas, amando-nos, sentiu nosso sofrer, e se dispôs a tomar nosso lugar na Cruz.
Cleber B. Gouveia,
Pastor Auxiliar da 1a IPI do Distrito Federal.
Taguatinga, DF.

2 comentários:

  1. Anônimo10:56 PM

    Amado pastor
    É bom ver que existem conservos que ainda conseguem olhar para os excluídos e não ficar indiferentes.

    Que Deus nos ajude para que o nosso amor não se esfrie nas esquinas da indiferença.

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  2. Anônimo10:56 PM

    Amado pastor
    É bom ver que existem conservos que ainda conseguem olhar para os excluídos e não ficar indiferentes.

    Que Deus nos ajude para que o nosso amor não se esfrie nas esquinas da indiferença.

    edenilton godoi
    blogdopastor.blogspot.com

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