06 junho 2007

O Deus dos Vales

“...pois quando sou fraco aí então sou forte, porque a tua graça me basta e o seu poder se aperfeiçoa na minha fraqueza.”


No monte, tua face é reluzente, seus olhos são de fogo e seus pés como bronze – e eu já vi – nas muitas vezes que estive lá e por onde vou de vez em quando, te vejo muito lá quando me encontro te adorando, seja no meio do culto, ou no meu quarto secreto. Fecho os olhos e de repente, lá está você.
Gosto de ficar lá sentado, te observando, nessa sua relação com o Pai, quando percebo que está falando com ele em meu favor, e vejo o movimento desse diálogo, como as correntes marinhas agitam os corais, um movimento que envolve e se confunde em plena harmonia.
Quando estou lá, no meu canto, observando, às vezes me dá vontade de rir quando lembro dos apóstolos, pensando em construir tendas e ficar por ali pra sempre. Ah! Se eu pudesse queria marcar esse ponto com um GPS, fazer um monte de fotos com uma câmera digital de pelo menos uns 5 Gbytes, de vários ângulos e, como gosto de churrasco, poderia me oferecer pra fazer uma picanha na chapa...
Mas hoje eu não te vi, mais do que não vi, não te percebi, nem sequer achei o lugar, muito embora o tenha procurado e desejado encontrá-lo com todas as minhas forças.
Te conheço há tanto tempo e até hoje não sei porquê às vezes você faz isso.
Acho que você não gosta de ser previsível, ou pelo menos, quando penso que o tenho o tempo todo te procuro no lugar de sempre e não te encontro. Acho que o meu erro está aí, talvez eu tenha tentado te “situar” no meio da minha vida como um item a mais... será? Não sei...
É verdade que já caminho com você há algum tempo, e já vimos coisas juntos, você me mostrando... que nem conto pra ninguém. Será que o caminho nos corrompe? Também não sei. Talvez.
Mas hoje não te encontrei no monte e nem no caminho, e olha que eu precisava tanto falar com você. Muita coisa hoje me feriu mais do que devia, e doeu. Confesso que fiquei perdido, e até paginei várias vezes a agenda do meu celular, procurando um número pra ligar, mas na verdade, precisava era falar contigo.
Tive de novo aquela sensação de como o caminho é longo quando às vezes a gente sente que está caminhando só... você lembra? Deve lembrar. O calvário nunca deve ter sido tão longe quanto foi aquele dia.
Então resolvi parar de caminhar... quer saber? Cheguei no último fôlego. Só me restou dobrar os joelhos e fazer aquela oração de quem não diz nada, nem pede nada, que só acontece. Parece uma daquelas cenas em que dois amigos se olham e sabem exatamente o que um quer dizer ao outro, palavras não são necessárias. O mais profundo diálogo.
Olhei ao meu redor e vi o vale, nada dos horizontes, nem do ocaso multicor... só vi montanhas e abismos. Então fiz de conta que as estava mostrando pra você, pra ver se você aparecia.
Ainda um pouco e fiquei ali, até que percebi que você chegava e antes da sua chegada a sensação de água molhando minha boca.
Você sabe que eu não consigo guardar mágoas de você por causa disso. Que quando você chega eu já não me lembro das montanhas e abismos, das ondas e tempestades. O que mais me impressiona é que toda vez que isso acontece parece que sempre é a primeira vez!
Não dá pra descrever... o que você faz é lindo. Só você mesmo né...
Que bom ser seu amigo e te encontrar no vale. Sabe... pode parecer bobagem, mas te encontrar no vale é especial. Parece que você está ali só por causa de mim!!!
Ah... como eu te amo...
Mas não faz mais isso não, viu?!!!!

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