28 junho 2007

Vencendo as tentações...

Tendo, portanto, um grande sumo sacerdote, Jesus, Filho de Deus, que penetrou os céus, retenhamos firmemente a nossa confissão. Porque não temos um sumo sacerdote que não possa compadecer-se das nossas fraquezas; porém um que, como nós, em tudo foi tentado, mas sem pecado. Cheguemo-nos, pois, confiadamente ao trono da graça, para que recebamos misericórdia e achemos graça, a fim de sermos socorridos no momento oportuno. Hebreus 4.14-16

O Senhor sustém a todos os que estão a CAIR, e levanta a todos os que estão abatidos.
Salmo 145.14


Não importa a nossa maturidade espiritual, nunca escaparemos do alcance da tentação. Ser tentando não é um sinal de carnalidade, mas uma evidência de nosso caráter humano. Neste planeta cheio de pecado, a tentação é um fato de vida!
Trecho do Livro “Os 7 Estágios da Tentação" de Richard Exley



As tentações são reais. Por elas os seres humanos são levados a realizar todos os tipos de pecados, desde os mais simples, como roubar uma tesoura que se pode pagar, colar na prova, mentir que dormiu na casa do amigo, até as mais complexas como matar, roubar e adulterar. A tentação tem várias origens, pois vários são nossos desejos, e deles pode surgir a tentação, seja de um desejo não suprido, ou mal administrado. O que desejo abordar aqui, porém, é o fato de a tentação, e o seu enfrentamento, nos mostrar algumas realidades, dentre elas duas verdades e duas mentiras. Começo pelas mentiras:

A primeira mentira é: não sou pessoa sujeita a tentação: esta é a primeira grande mentira. Por ela somos levados a imaginar a nós mesmos como sendo pessoas intocáveis por pecados praticados por outras pessoas, quanto mais ser tentados por tal coisa. Mas é também a mentira que nos leva a culpar os outros pelas nossas fraquezas e consequentes quedas. Adão e Eva no paraíso fizeram isto. Sucumbiram a tentação e quando Deus os confrontou, disse Adão: “foste a mulher que me deste...”, e disse Eva: “a serpente, foi ela...” (Gênesis 3. 2 -3). Muitos vivem assim, e não conseguem, desta forma, se verem livres do realizar com prazer as insinuações da tentação.

Conheço o caso de um jovem amigo que, após ser livre das drogas, um dia afirmou aos amigos que não sofreria os efeitos se fumasse novamente. Achou-se imune, pois confiava que seu corpo seria “revestido de tal forma, que a droga não agiria”. Fumou, e esta pior que antes, usando a palavra como desculpa para o seu vício. Eis o grande poder desta mentira.

A segunda é: ver a mentira como se fosse uma grande verdade, e a verdade como se não fosse tão verdadeira assim: ao sermos tentados surge uma grande mentira em forma de afirmação: “é certo que, se comeres, sereis conhecedor do bem e do mal, sereis iguais a Deus”; “é certo que, se fizeres bem feito, nunca o pegarão, e ficarás milionário, sem necessidade de mais nada”; “é certo que, se matares, livre serás deste incomodo”; “é certo que, se adulterar, e fizer bem escondido, com cumplicidade dela, ou dele, seu esposo ou esposa, não saberá”, e outra grande mentira em forma de pergunta: “és certo que morrerás?”; “será mesmo que lhe pegarão?”; “será mesmo estou feliz neste relacionamento?”; “será que ser honesto compensa?”.

São mentiras que vêm ao nosso pensamento, e nos levam a desejar outra realidade, sempre pior, como se fosse melhor do que a verdade, e a justiça. Em outras palavras, nos ilude, e, quando sucumbimos a suas doces palavras, nos faz mentir para nós mesmos; mentira esta a qual gozaremos com prazer se não formos desmascarados por Deus, como Davi o foi por Natan (II Samuel 12).

Estas são as duas grandes mentiras as quais estamos sujeitos a vivenciar quando tentados, sendo que destas surge, ao aceitarmos as indicações da tentação, uma terceira: “não há mais esperança em Deus para você! Você é fraco, e Deus não aceita fracos!”. Contudo, quero rebater as três a partir do texto de Hebreus, apresentando duas grandes e vitoriosas verdades de Deus a respeito da nossa luta diária contra a tentação:


Primeira Grande verdade é: somos sujeitos a todos os tipos de tentações: não importa o quanto você seja experimentado na vida cristã e no manejo da Palavra. Não importam suas experiências com Deus, não importam os grandes feitos, você é sujeito à tentação, eu o sou. Vejamos o que diz Tiago em relação a isto, no primeiro capítulo de sua carta:

v.13 Ninguém, sendo tentado, diga: Sou tentado por Deus; porque Deus não pode ser tentado pelo mal e ele a ninguém tenta. v.14 Cada um, porém, é tentado, quando atraído e engodado pela sua própria concupiscência; v.15 então a concupiscência, havendo concebido, dá à luz o pecado; e o pecado, sendo consumado, gera a morte.

Paulo também nos dá grande testemunho desta verdade. Apóstolo levantado pelo próprio Senhor, e sendo homem que experimentou grande poder em sua vida, que suportou açoites, naufrágios, prisões, expulsou demônios, curou enfermos com a própria roupa e através de objetos pessoais dos mesmos, confessou ser totalmente sujeito à tentação e ao fracasso diante desta:

“7.15 Pois o que faço, não o entendo; porque o que quero, isso não pratico; mas o que aborreço, isso faço [...] 7.18 Porque eu sei que em mim, isto é, na minha carne, não habita bem algum; com efeito o querer o bem está em mim, mas o efetuá-lo não está.
7.19 Pois não faço o bem que quero, mas o mal que não quero, esse pratico [...] 7.24 Miserável homem que eu sou! quem me livrará do corpo desta morte?” Romanos 7. 15, 18, 19 e 24.

Ou seja, não importa o quanto experiente você é. O quanto você ora, jejua, estuda a Palavra, és sujeito à tentação. O texto de Hebreu quanto a isto é bem claro ao afirmar que Cristo, o Senhor, o Deus que se fez carne, “... como nós, em tudo foi tentado.” (v. 15 b). Ele também esteve sujeito à possibilidade do pecado. Ele, entretanto, não pecou; não é o nosso caso. Aproveito esta afirmação do autor de Hebreus para deixar claro algo nesta verdade que aprendi nestes dias lendo Os sete estágios da tentação, de Richard Exley: a tentação não é pecado. Cristo fora tentado sem, porém, pecar. Mas o fora. A tentação, portanto, não é o pecado em si, mas pode-se tornar quando a ela sucumbimos.

Por isto, podemos não ser capazes de praticar certos tipos de pecados, ou por não sujeitarmos a tentação, ou por não termos a ocasião e o lugar oportunos. Entretanto, não podemos negligenciar a realidade de que estamos sujeitos às tentações, pois seria esta a grande oportunidade da carne, de satanás, e a nossa grande ruína.
Saiba: temos fraqueza! Não é horrível admitirmos isto, principalmente, quando o fazemos diante do Senhor Jesus Cristo, pois isto nos fará alcançar ajuda no tempo oportuno (Hebreus 4.16).

A Segunda Grande verdade, portanto, é: temos ajuda no tempo oportuno: O autor de Hebreus é magnífico em seu ensino. Somos sujeitos à tentação, sujeitos a sucumbir a esta devido as nossas fraquezas, mas, Cristo Jesus, o nosso Sumo Sacerdote, sabe o que passamos, e está pronto a nos ajudar! Ele não nos acusa, mas nos justifica. Ele não nos deixa sozinhos, mas nos assiste. Por isto, acheguemo-nos a Ele, e sejamos assistidos.

Paulo também deu esta mesma orientação aos cristãos, objetivando levá-los à consciência desta realidade, e a viverem a vitória que há em Cristo Jesus, ao afirmar:

...Não vos sobreveio nenhuma TENTAÇÃO, senão humana; mas fiel é Deus, o qual não deixará que sejais tentados acima do que podeis resistir, antes com a TENTAÇÃO dará também o meio de saída, para que a possais suportar.” I Coríntios 10.13

Pedro, outra coluna da Igreja, reafirma esta verdade:

...também sabe o Senhor livrar da TENTAÇÃO os piedosos, e reservar para o dia do juízo os injustos, que já estão sendo castigados... I Pedro 2.9.

O que vemos nas palavras do autor de Hebreus, de Paulo e de Pedro? Vemos o Senhor falar conosco que sabe que não somos como Cristo, pelo contrário, totalmente sujeitos a aceitar a sedução da tentação. Que somos também totalmente sujeitos a aceitar a grande mentira de que Ele nos deixará sozinhos, à mercê do poder da carne, do diabo, e de suas artimanhas, e, por isto, usa seus servos a fim de nos fazer levantar os olhos para os montes, e ver que o nosso socorro é vindo sem falta da parte dele dos céus (Salmo 121).

O que devemos fazer então? O próprio autor de Hebreus é claro a respeito disto. Tendo um sacerdote que sabe o que é ser tentado, e por isto se compadece de nós em nossas fraquezas e nos ajuda, ele nos afirmar que precisamos ter duas atitudes diante da tentação:

Primeira: “...não endureçais os vossos corações, como na provocação, no dia da TENTAÇÃO no deserto...” Hebreus 3.8

Segunda: "Cheguemo-nos, pois, confiadamente ao trono da graça, para que recebamos misericórdia e achemos graça, a fim de sermos socorridos no momento oportuno." Hebreus 4.16

Desta forma, concluo fazendo o mesmo convite e a mesma orientação que o Senhor nos dá, a mim e a você, nos Evangelhos. O convite é a pratica da oração “...perdoa-nos os nossos pecados, pois também nós perdoamos a todo aquele que nos deve; e não nos deixes entrar em TENTAÇÃO, (mas livra-nos do mal.)” o qual ele nos faz em Mateus 26.41, e a orientação é a que esta em Marcos 14.31 “Vigiai e orai, para que não entreis em TENTAÇÃO; o espírito, na verdade, está pronto, mas a carne é fraca.”

Creio que, se assim o fizermos, teremos ajuda no tempo oportuno, e se cairmos, a coragem de perseverar na certeza de que o cair é do homem, e o levantar de Deus. Contudo, o que está em pé, cuide para que não caia (I Coríntios 10.12), pois a ajuda do Senhor para isto nós temos.


Cleber Batista Gouveia, pr.
Pastor Auxiliar da 1a. Igreja Presbiteriana Independente do Distrito Federal.

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