16 agosto 2006

Prisioneiros da Esperança


“Voltai à fortaleza, ó presos de Esperança...” (Zacarias 9.12)


Não é fácil ter esperança num mundo onde as injustiças são tão gritantes. Somos tomados por um pessimismo que tortura a alma.. Ler os jornais ou assistir aos noticiários é uma tarefa árdua e que exige coragem. Coragem para não se abater diante das inúmeras guerras que se multiplicam pelo mundo. Coragem para não ser tomado por um desespero diante da violência que grassa pelas ruas de nosso país. Coragem para acreditar que vale a pena cumprir meus deveres de cidadania e ir às urnas, afinal há gente honesta no cenário político do país. Coragem para não se deixar enlouquecer diante da possibilidade da falta de água potável para alguns poucos anos. Coragem para crer que a mãe que abandonou o seu filho recém-nascido numa lixeira estava tomada de desespero, mas não porque sua alma minguou desprovida de toda a bondade e ternura. Coragem para simplesmente viver...

Quando o índice de esperança na alma inicia um processo de declínio, faço imediatamente um exercício que fabulosamente me recobra o ânimo. Reúno os textos bíblicos que me acompanham pela jornada da vida cristã por alguns anos. Então, descortino minha mente com a doce e inigualável idéia profética de que em tempos de aflição “a esperança volta quando penso no seguinte: o amor do Deus Eterno não se acaba, e a sua bondade não tem fim. Este amor e esta bondade são novos todas as manhãs...” (Lm. 3:21-23, Linguagem de Hoje). Então, um facho de luz para os meus pés cansados providencia um caminho de trilhas retas e justas. Meus olhos já enxergam possibilidades! A palpitação do meu coração diminui e posso prosseguir.

Prossigo para a poesia apostólica e para a imbatível certeza de que a esperança permanece, ladeada pela fé e guiada pelo amor (1 Co 13:13). E as páginas seguintes expõem a tela que “se a nossa esperança em Cristo se limita apenas a esta vida, somos os mais infelizes de todos os homens” (1 Co 15:19). Assim, entendo que minha momentânea infelicidade e pessimismo resultam do foco errado. E embora lute pela não alienação. Lute para que minha alma não se anestesie diante das dores do mundo, percebo que preciso voltar meus olhos para o futuro e para o fato de que “esperamos novos céus e nova terra, nos quais habita justiça” (2 Pd. 3:13). Esta é a “nossa esperança de salvação” (1 Ts. 5:8, Linguagem de Hoje).

E, então, mesmo que “esperando contra a esperança” (Rm. 4:18), sigo o exemplo do patriarca Abraão e creio. Creio que Deus é poderoso para vivificar uma sociedade amortecida pelo pecado e despertá-la para “Cristo Jesus, nossa esperança” (1 Tm. 1:1). Para que mesmo diante das maiores e mais atrozes injustiças não desviemos nosso olhar da “esperança da glória” (Cl. 1:27).

Somente assim minha alma volta ao seu sossego, adentro à fortaleza e, novamente, aprisiono-me à esperança!

Rev. Jean Douglas Gonçalves

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